Não fora ter escolhido, há uma década, mudar radicalmente a sua vida para casar com um príncipe, o mais provável é que Letizia seria um dos mil membros da Imprensa que cobrem hoje, em Madrid, a cerimónia de coroação de Felipe VI.
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Letizia Ortiz Rocasolano, nascida em Oviedo em 1972, e que hoje se transformou na primeira rainha oriunda da classe média da história de Espanha, era, apesar de reconhecida jornalista e pivot da televisão pública espanhola, uma pessoa normal. Pelo menos se comparada com a família real.
O casamento, claro, transformou-a numa protagonista das falsas polémicas promovidas pelas revistas do coração - se está ou não demasiado magra é uma das recorrentes -, mas a nova rainha espanhola nunca deixou que a isolassem no reduto de futilidade para que habitualmente se tenta empurrar as princesas. Com ela ao lado de Felipe, o Palácio Real teve de se habituar à existência de uma mulher forte, independente e sem medo de expressar, sem desafiar em demasia os limites da sobriedade a que está obrigada, a sua opinião.
Tem, desde 2007, uma agenda política e social própria, que a levou a envolver--se em iniciativas sociais realcionadas com a Saúde ou Educação e que a elevou do estatuto de princesa.
Mais: nunca desistiu de manter hábitos mais próprios dos plebeus. Vai regularmente ao cinema, à Feira do Livro ou, diz o "El País", a concertos de música alternativa com os amigos.
Como o Príncipe das Asturias, manteve-se sempre longe dos escândalos que atiraram a monarquia espanhola para uma depressão de popularidade. Letizia, a princesa que pensa pela sua própria cabeça, resistiu no topo das preferências dos espanhóis.
Dez anos e duas filhas depois, resta saber se, agora que é rainha, a estratégia vai continuar a resultar.