A destruição causada pelo tsunami na Banda Aceh, na ilha de Sumatra, foi "enorme", mas permitiu duas grandes conquistas no processo de reconstrução: a paz na região e a aposta no turismo, disse a ministra do Turismo.
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Numa entrevista concedida à agência Lusa em Macau, em setembro, à margem da 8.ª Reunião Ministerial do Turismo da Associação de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC), a ministra do Turismo e das Indústrias Criativas, Mari Elka Pangestu, afirmou que "no caso da Indonésia, o tsunami de 2004 afetou uma área que não era turística, pelo que o impacto neste setor não foi significativo".
"Não afetou a imagem do turismo da Indonésia, mas claro que tivemos de explicar que o impacto do tsunami não foi na área do turismo", explicou a responsável pela pasta do Turismo e Economia Criativa.
A província indonésia de Aceh foi precisamente a mais afetada, contando ali mais de 127 mil mortos, 93 mil desaparecidos, 635 mil desalojados e uma área de destruição equivalente a 45 campos de futebol.
"Aceh não era um destino turístico, mas depois do tsunami, houve uma grande reconstrução, que entretanto foi concluída. Inclusivamente, agora, o porto de Sabang, que fica perto da Banda Aceh, e a ilha Weh, localizada em frente a Sabang, tornaram-se destinos turísticos muito bons para o mergulho", acrescentou.
Depois da passagem do tsunami, que causou mais de 160.000 mortos na Indonésia e outras dezenas de milhares noutros países do Oceano Índico, um grande programa de assistência internacional foi implementado. Cerca de sete mil milhões de dólares de ajuda internacional foram alocados nos anos que se seguiram e mais de 140.000 casas foram reconstruídas em Aceh, assim como estradas, novas escolas e centros de saúde, segundo a AFP.
No rescaldo da catástrofe natural, defendeu Mari Elka Pangestu, as autoridades indonésias procuraram não só avançar com o processo de reconstrução física, mas também identificar novas formas de desenvolvimento económico.
"O turismo foi uma das áreas que identificámos. Por isso Sabang e Weh tornaram-se destinos bastante populares para o mergulho, assim como para cruzeiros: é uma das paragens daqueles que vêm de Singapura. Por isso, de alguma forma, Aceh tornou-se famoso por causa do tsunami", sublinhou.
Sobre o processo de reconstrução, a governante destacou também o papel da agência criada para gerir os fundos doados pela comunidade internacional: a Aceh Reconstruction Agency. "A agência concluiu o seu trabalho quando a reconstrução foi concluída, mas foi um modelo de sucesso", adiantou.
O renascimento da província de Aceh foi beneficiado não só pela ajuda internacional, mas também pelo fim de um conflito armado de quase três décadas entre os separatistas e as forças governamentais, um acordo de paz concluído menos de um ano após o desastre natural, considerado o maior dos últimos 100 anos.
"Este foi outro resultado positivo de algo muito trágico", destacou a ministra, ao salientar "a resiliência" do povo indonésio para ultrapassar o sofrimento e adversidades.