Presidente ucraniano assume que acordo de minerais “mudou significativamente” ao longo do extenso período negocial entre Kiev e Washington, até culminar numa “parceria igualitária”.
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O presidente ucraniano revelou hoje que o acordo de minerais com os Estados Unidos, assinado na noite de quarta-feira em Washington, “mudou significativamente durante o processo de preparação”, sendo agora “realmente uma parceria igualitária — que cria oportunidades para investimentos substanciais na Ucrânia”. O líder de Kiev garantiu que o acordo, que será submetido ao Parlamento ucraniano para ratificação, “não prevê dívidas” e resulta da curta conversa que manteve com o homólogo norte-americano, Donald Trump, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, no dia do funeral do Papa Francisco.
Volodymyr Zelensky pronunciou-se esta noite, no habitual discurso noturno à nação, sobre o acordo de minerais estratégicos, ontem assinado pela vice-primeira-ministra do Executivo de Kiev, Yulia Svyrydenko, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. “O acordo mudou significativamente durante o processo de preparação. Agora é realmente uma parceria igualitária — que cria oportunidades para investimentos substanciais na Ucrânia, bem como uma modernização significativa das indústrias da Ucrânia e, igualmente importante, das suas práticas jurídicas”, disse Zelensky, conforme se pode ler na página oficial da Presidência ucraniana.
O chefe de Estado explica que “o acordo não prevê dívidas”. E detalha: “Estipula o estabelecimento de um Fundo de Reconstrução que investirá na Ucrânia e gerará retornos aqui. Isto significa trabalho conjunto com os Estados Unidos, com base em termos justos, permitindo que tanto a Ucrânia como os Estados Unidos, que nos apoiam na nossa defesa, ganhem dinheiro em parceria”.
Encontro “verdadeiramente histórico”
Zelensky revelou ainda que o acordo, negociado durante quase três meses entre Kiev e Washington, se materializou naquele rápido encontro a dois, na Basílica de São Pedro, que antecedeu a despedida ao líder da Igreja Católica: “Falámos com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a nossa disponibilidade para concluir o acordo – discutimos isso durante a nossa reunião no Vaticano. De facto, este é o primeiro resultado tangível daquele encontro no Vaticano, tornando-o verdadeiramente histórico. Estamos ansiosos por outros resultados desta conversa – foi uma reunião significativa”.
Em entrevista à estação Fox Business Network, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, assinalou hoje que o acordo, que dá aos EUA acesso preferencial na exploração de recursos minerais, petróleo e gás da Ucrânia, representa “um forte sinal para a liderança russa, e isso dá ao presidente Trump a capacidade de negociar agora com a Rússia numa base ainda mais forte”.