Acordo para relançar relações entre UE e Reino Unido viabilizado após negociações tardias
Negociações de última hora entre a União Europeia e o Reino Unido desbloquearam um acordo para relançar as relações numa cimeira esta manhã em Londres, a primeira desde o "Brexit", avançaram diplomatas em Bruxelas.
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As negociações que só concluíram na madrugada de segunda-feira chegaram a acordo sobre três textos: uma declaração sobre objetivos comuns de política externa, um pacto sobre segurança e defesa e um entendimento comum sobre várias áreas de cooperação futura.
O anúncio oficial dos acordos alcançados será realizado esta manhã em Londres após um encontro do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa.
"O acordo mostra que entrámos num novo capítulo das nossas relações com o Reino Unido", afirmaram fontes diplomáticas europeias aos jornalistas.
"As negociações decorreram sempre com boa fé de ambas as partes e o resultado é muito positivo para ambas. Nenhuma das linhas vermelhas do Reino Unido ou da UE foi ultrapassada. Estamos a virar uma página e a avançar para uma nova parceria estratégica", referiram.
O objetivo desta cimeira é alcançar uma reaproximação e relançar as relações bilaterais, afetadas após a saída do Reino Unido da UE em 2020.
Uma das questões mais controversas era a dos direitos de pesca dos barcos europeus nas águas britânicas, que este acordo garante por mais 12 anos, segundo fontes citadas pela agência AFP, evitando as negociações anuais previstas a partir de junho de 2026.
Este prolongamento da situação atual era uma exigência de vários países europeus, nomeadamente França, e equivale ao triplo do que o proposto pelos britânicos no início das conversações, adiantaram os diplomatas.
Em contrapartida, os britânicos poderão exportar mais facilmente os seus produtos agroalimentares para o mercado europeu, graças ao reconhecimento mútuo das normas fitossanitárias, que vão permitir reduzir controlos e burocracia nas fronteiras.
Como esperado, o pacto de segurança e defesa alcançado vai abrir caminho ao Reino Unido e respetivas empresas participarem em algumas das iniciativas europeias relacionadas o rearmamento e criar um diálogo mais regular entre Londres e Bruxelas nesta matéria.
Por outro lado, a questão da mobilidade dos jovens europeus, nomeadamente estudantes, e o regresso do Reino Unido ao programa Erasmus foi adiada para negociações posteriores.
Relativamente à questão da imigração ilegal, que é muito sensível no Reino Unido, Reino Unido e UE vão reforçar a cooperação com vista a reduzir o fluxo de migrantes através do Canal da Mancha.
"Mais do que palavras em papel"
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou hoje em Londres que os acordos alcançados hoje "são mais do que palavras em papel, refletem os compromissos comuns".
Na abertura da cimeira entre a UE e o Reino Unido, Costa saudou um "novo capítulo na relação entre os dois vizinhos, aliados "e amigos" depois do Brexit.
"Trabalhamos muito para restabelecer" esta relação "num ambiente cada vez mais volátil".