O exilado pregador Fethullah Gulen, acusado por Ancara de ter fomentado o golpe de Estado na Turquia, negou, este domingo, qualquer envolvimento e sugeriu que poderá ter sido o próprio presidente turco, Recep Erdogan, a instigá-lo.
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Numa entrevista divulgada hoje no The New York Times, Gulen, 75 anos, que vive em reclusão no nordeste dos Estados Unidos desde 1999 e que desde então não concedeu quaisquer declarações à imprensa, disse "ignorar" se os autores da tentativa de golpe de Estado de sexta-feira à noite na Turquia são seus simpatizantes.
Apesar de viver em reclusão nos Estados Unidos, Gulen lidera um possante movimento na Turquia, que integra escolas, organizações não-governamentais e empresas sob o nome de Hizmet (serviço, em turco), e é tido como um inimigo de Erdogan.
Foi o próprio Presidente turco quem o acusou sábado de organizar o entretanto abortado golpe de Estado militar, em que morreram 265 pessoas, e exigindo a sua extradição aos Estados Unidos.
"Ignoro se são meus simpatizantes. Está claro que não os conheço, pelo que não posso expressar-me sobre qualquer implicação. [A tentativa de golpe} pode ter sido organizada pela oposição ou por nacionalistas. Vivo longe da Turquia há 30 anos e não estou lá", declarou Gulen ao jornal norte-americano.
Pouco depois do início do "putsch", Gulen condenou os movimentos dos soldados rebeldes "nos termos mais fortes".
Em declarações hoje publicadas no jornal britânico The Guardian, Gulen admitiu a possibilidade de ter acontecido um "falso golpe" para que o regime possa amplificar as acusações contra os simpatizantes do Hizmet.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, assegurou que Washington vai ajudar Ancara a investigar o fracassado golpe de Estado e, face ao pedido de extradição de Gulen, pediu às autoridades turcas que forneçam provas contra o pastor turco radicado nos Estados Unidos.