A decisão sobre o futuro de um bebé de três meses retirado pelos serviços sociais britânicos a um casal luso-britânico foi adiada para que a situação seja avaliada por assistentes sociais portugueses.
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"Foi decidido um adiamento para possibilitar avaliação dos pais e avós pela Segurança Social portuguesa, a pedido do Consulado. Os pais não estiveram presentes nem se fizeram representar", disse à agência Lusa a cônsul-geral de Portugal em Londres, Joana Gaspar.
Uma funcionária consular esteve presente na audiência, que decorreu à porta fechada no tribunal de Portsmouth, área de residência da portuguesa Iolanda Menino e do pai da criança, Leonardo Edwards.
Os progenitores da criança encontram-se em Portugal, onde abordaram já na rua o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
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Foram também recebidos pelos deputados Paulo Pisco (PS) e, numa outra ocasião, pelos deputados Carlos Gonçalves (PSD), Isabel Santos (PS), Carla Cruz (PCP) e Domicília Costa (BE).
O casal teve um filho, Santiago, na sua casa em Southampton, a 01 de fevereiro, mas o bebé foi-lhes retirado pelos serviços sociais ao fim de nove dias.
Segundo disseram à Lusa, na sequência do parto feito em casa, a mulher sofreu uma hemorragia e foi internada, no mesmo dia, para a remoção da placenta, tendo tido alta no dia seguinte.
No terceiro dia de vida da criança, duas enfermeiras do sistema nacional de saúde dirigiram-se à residência, em ocasiões diferentes, para observar o bebé, mas os pais recusaram-se a abrir a porta, alegando que a mãe estava cansada e que não havia marcação para estas visitas.
Posteriormente, um agente da polícia se deslocou depois à sua casa, tendo, então, visto a criança.
Aos cinco dias de vida, os pais levaram a criança para o hospital por esta ter icterícia e Santiago ficou internado para um tratamento de três dias.
Foi então que os pais foram então informados de que o tribunal decidira que a criança lhes seria retirada, não lhes tendo sido dada oportunidade de se despedirem do bebé.
Desde então, o casal viu o filho em períodos diários de 90 minutos, mas não diariamente, até 04 de março, quando o viram pela última vez.
Em abril, os dois vieram para Portugal para reclamar o apoio das autoridades nacionais, rejeitando colaborar com as autoridades britânicas, as quais acusam de "rapto".
Foram também alvo de uma providência cautelar para deixarem de falar publicamente sobre o caso, sob ameaça de prisão, razão pela qual se recusam a regressar ao Reino Unido.
Os serviços sociais britânicos estão também a tentar avaliar as condições de os avós, pais de Iolanda Menino, poderem acolher a criança, podendo, em último caso, entregá-la para adoção.