Nevada é um dos estados decisivos nas eleições de terça-feira nos Estados Unidos.
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Os americanos votam na terça-feira para escolher quem vai ser o presidente nos próximos quatro anos. Kamala Harris e Donald Trump estão empatados nas sondagens. O Nevada é considerado um dos estados decisivos.
No centro de Las Vegas veem-se casinos e mais casinos cheios de gente como se fossem centros comerciais que o são também. Restaurantes que não são casinos mas onde há também sempre algumas máquinas para jogar. De repente, alguém ganha ao jogo num dos casinos: “Uhhhh”, um grito eufórico. Pergunto ao bafejado pela sorte Michael se pensa que vai ganhar Trump ou Harris: “sei lá dizer, acertar aqui é bem mais fácil”.
A corrida presidencial está apertada aqui no estado. Trump e Harris aparecem empatados em várias sondagens. O republicano propõe um plano de deportação em massa de imigrantes indocumentados; o que, aqui no Nevada quer dizer, 1 em cada dez trabalhadores. Há muitos imigrantes e muitas famílias mistas, no sentido de quem nem todos podem estar legais.
Michael Kagan dirige a Clínica de Imigração da Universidade de Nevada Las Vegas (UNLV) e ensina direito administrativo, e direito de imigração, sendo um dos estudiosos desta área mais citados nos EUA. Encontramo-nos junto a uma pastelaria distante do centro e diz-me, logo depois de nos cumprimentarmos: “aqui é onde as pessoas de Vegas vivem, não é nos casinos”.
Trump e as deportações
Kagan teve um papel central na expansão dos serviços jurídicos para os imigrantes no Nevada, escreveu artigos de direito internacional de refugiados e asilo, utilizados por tribunais em vários países. Este académico considera grave o plano de deportação em massa anunciado e prometido pelo candidato Donald Trump: “Penso que é incrivelmente grave e não foi levado suficientemente a sério nestas eleições. Aqui mesmo em Las Vegas, isso pode ser devastador para a nossa comunidade.” E porquê é que não foi levado a sério? “Há muitas razões. Uma delas é que quase ninguém vivo hoje experimentou algo parecido. Penso que há muita ingenuidade nos EUA de que isso não pode acontecer aqui. Depois da II Guerra Mundial, e sabemos que houve ditadura no seu país, em Portugal, mais recentemente, mas acho que havia uma crença cega de que somos especiais e imunes. Não é verdade”.
Trump já foi presidente antes “e as pessoas pensam, bem, nós sobrevivemos”. Vai ser assim outra vez? “Não que ele tenha sido bom para os imigrantes, mas estão aí muitos sinais de que, desta vez, pode ser muito mais intenso e aterrorizante, e que é possível que ele fizesse uma verdadeira deportação em massa”. Kagan garante que este plano “teria efeitos catastróficos económicos e sociais aqui em Las Vegas e em todo o Nevada”.
Kamala de surpresa
Kamala Harris apareceu de surpresa, no sábado, no programa humorístico “Saturday Night Live”. A candidata surgiu como se fosse o reflexo no espelho da atriz Maya Rudolph, conhecida por a imitar, e que estava vestida como ela.
Trump “pede” tiros
Donald Trump disse, na Pensilvânia, que não se importaria de ser alvo de um novo ataque, uma vez que, para o atingir, o atirador teria de “disparar por entre a imprensa [usou o termo “fake news”]”. “Não me importaria assim tanto”, reforçou, classificando os jornalistas como “pessoas muito corruptas”.