Um grupo de investigadores siberianos não pensou que um projeto de investigação sobre as águias-das-estepes, em risco de extinção, pudesse ficar tão caro. As aves eram localizadas através de GPS, cujas coordenadas eram convertidas em mensagens de texto. A viagem das águias entre vários países originou uma conta de mais de três mil euros em roaming.
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O roaming é um fator a ter em conta sempre que se viaja para o estrangeiro, no nosso caso, principalmente quando o nosso destino fica fora da União Europeia. A maioria das pessoas reduz ao mínimo as comunicações além-fronteiras, para que as contas das operadoras de telecomunicações não ascendam a valores astronómicos.
Um bando de águias-das-estepes, em risco de extinção, foi seguido por um grupo de investigadores da Sibéria que não calculou que o roaming pudesse ser uma importante nuance no seu projeto de investigação.
As aves eram seguidas através de coordenadas do GPS, que eram depois enviadas por mensagens de texto para o telemóvel dos investigadores. Com estas informações, o grupo podia determinar quais as áreas mais seguras para as águias-das-estepes.
As 13 águias analisadas pelo projeto viajaram por diversos países -- Irão, Índia, Paquistão e Cazaquistão -- o que fez com que o valor pago por SMS fosse variando consoante o local onde se encontravam.
A conta chegou à Rede Russa de Pesquisa e Conservação de Aves de Rapina (Russian Raptor Research and Conservation Network, em inglês) com um valor aproximado de 3300 euros em mensagens de texto.
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Em algumas das áreas com baixa cobertura de rede, o preço aumentou substancialmente, uma vez que as informações com as coordenadas de GPS das águias foram enviadas mais tarde e em destinos com tarifas mais caras, como o Irão, Afeganistão e o Turquemenistão.
Os preços eram tão diversos consoante os destinos das 13 águias. Na Rússia e no Cazaquistão, um SMS custava entre dois e nove cêntimos. No Afeganistão, por exemplo, o valor aumentava para os 50 cêntimos.
Min, o nome dado pelos investigadores a uma das fêmeas, foi a que mais despesa causou: permaneceu várias semanas no Irão, onde uma mensagem de texto pode custar até 70 cêntimos.
O valor foi de tal maneira avultado para esta organização não-governamental russa que os investigadores iniciaram uma campanha de crowdfunding, para ajudar a pagar a conta. Já foram angariados 1000 euros. O nome da iniciativa na Internet não podia ser mais sugestivo: "Carreguem o telemóvel da águia".
A MegaFon, uma das maiores operadoras telefónicas da Rússia, decidiu conceder um perdão da dívida, após conhecer a história dos investigadores siberianos através das redes sociais.
A empresa comprometeu-se igualmente a criar um serviço específico para este tipo de trabalho.