O presidente do partido espanhol Cidadãos, Albert Rivera, anunciou esta segunda-feira a sua demissão do cargo e o abandono da vida política, não tomando posse do lugar no parlamento para o qual foi eleito no domingo.
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"Decidi que me demito como presidente [do Cidadãos], para que um congresso extraordinário decida o rumo a dar ao partido", disse Albert Rivera numa declaração política sem direito a perguntas.
O Cidadãos foi o partido mais penalizado nas eleições de domingo, tendo passado dos 15,9% que obteve em 28 de abril, com 57 deputados no parlamento, para 6,8% com 10 representantes agora.
Rivera também avançou que não irá assumir o lugar de deputado para o qual foi eleito nas legislativas de domingo: "Não posso tomar posse do lugar de deputado apenas pelo salário" que vou receber, disse.
Finalmente, o até agora presidente do Cidadãos, comunicou que "deixa a política e a vida pública".
Durante a declaração muito emotiva que fez, Albert Rivera recordou o seu percurso político desde que começou em 2006, em Barcelona, quando a aceitou "por casualidade" ser eleito para uma "plataforma que não tinha futuro", que se chamava Cidadãos, e se converteu num partido que teve o seu melhor resultado nas eleições de 28 de abril último.
Albert Rivera, de 39 anos, nasceu na Catalunha, tendo o pai sido um operário que conseguiu montar um negócio e ter dinheiro para mandar o filho estudar para uma escola privada.
Rivera é presidente do Cidadãos desde a sua fundação em 2006 e foi deputado no parlamento regional da Catalunha, antes de se mudar para Madrid.
Na época em que vivia em Barcelona recebeu várias ameaças de morte para que abandonasse "a sua política contra o nacionalismo" e em frente da porta da sua casa um painel com a sua fotografia tinha uma bala cravada com sangue em redor da ferida que representava.
Como líder e candidato ao parlamento nacional, Rivera conseguiu que o Cidadãos subisse para os 13,93% nas legislativas de 2015, 13,05% nas de 2016 e 15,9% em abril, antes de baixar para 6,8% agora.
O PSOE ganhou as eleições legislativas de domingo, mas sem maioria absoluta e mais fraco que anteriormente, tendo a grande descida do Cidadãos beneficiado o PP e, sobretudo, o Vox (extrema-direita) que agora tem mais do dobro dos deputados.
Na consulta eleitoral de 10 de novembro, o PSOE teve 28,0% dos votos (120 deputados), seguidos pelo PP com 20,8% (88), o Vox com 15,1% (52), o Unidas Podemos com 12,8% (35), o Cidadãos com 6,8% (10).
O Cidadãos foi, juntamente com o Unidas POdemos (extrema-esquerda), responsável do fim do sistema bipartidário espanhola a partir de 2015, depois de PSOE e PP se terem intercalado durante mais de três décadas na chefia do Governo central.
Os observadores e analistas políticos apontam Inês Arrimadas, a número dois do partido, como a possibilidade mais provável para assumir interinamente a presidência do partido.