
No último ato de campanha, na capital da Catalunha, o primeiro-ministro não comentou últimos casos e criticou Oposição
AFP
Mais de 35 milhões de eleitores em Espanha vão hoje votar para escolher os mais de 67 mil vereadores dos mais de oito mil municípios, além dos representantes nos parlamentos regionais de 12 das 17 comunidades autónomas, incluindo a de Madrid. O escrutínio ocorre no meio de dúvidas sobre o desempenho do PSOE, que viu, nas últimas sondagens, a vantagem em relação ao PP diminuir. Na véspera das eleições locais, o partido do primeiro-ministro Pedro Sánchez teve candidatos detidos por suspeita de compra de votos.
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Em Mojácar, na comunidade de Andaluzia, dois membros do PSOE na lista de votação local foram detidos, junto de outras cinco pessoas, na quarta-feira. A investigação do caso, conduzida pela Procuradoria Anticorrupção, descobriu uma rede que pagava entre 100 e 200 euros em troca da adulteração do voto em favor dos socialistas, com comissões de 50 euros se conseguissem convencer conhecidos e familiares a praticarem a fraude, revelaram fontes citadas pelo jornal "El Mundo".
Já em Albudeite, na Região de Múrcia, uma candidata à autarquia e os números seis e 19 na lista para as eleições autonómicas, todos do PSOE, foram alguns dos detidos numa operação da Guarda Civil, na quinta-feira. Ainda de acordo com fontes ouvidas pelo diário espanhol, as autoridades investigam "um caso específico" de compra de votos em troca de drogas no município.
Um partido parceiro dos socialistas está também envolvido num escândalo de compra de votos. Em Melilla, uma operação policial na segunda e terça-feira que investiga o roubo e a compra de votos por uma "máfia" resultou na detenção de um membro do Governo da cidade autónoma que era o número três na lista do partido Coligação por Melilla. Os percalços no processo eleitoral no enclave norte-africano fizeram com que apenas 5814 boletins de voto dos 11 727 inscritos fossem processados pelos correios, cerca de 49%. Em toda a Espanha, 984 mil pessoas votaram de forma antecipada nesta modalidade.
Sánchez versus Feijóo
O líder do PSOE evitou comentar os episódios desta semana. Durante o ato de encerramento da campanha, realizado na sexta-feira, em Barcelona, Pedro Sánchez fez críticas indiretas ao PP. "Eles não querem que vamos votar, querem que fiquemos longe das urnas. Por isso insultam, desqualificam e turvam a política", afirmou o chefe de Governo espanhol, citado pela RTVE. Ao lado de Sánchez, o candidato à autarquia de Barcelona pelo Partido dos Socialistas da Catalunha, Jaume Collboni, disse que os casos foram "pontuais" e que o PSOE agiu de maneira "exemplar" ao abrir um processo e suspender os envolvidos da militância, referiu o "El Mundo".
Alberto Núñez Feijóo decidiu fazer o último ato eleitoral em Madrid, na sexta-feira. Um dia antes, o líder do PP exigiu explicações sobre as compras de voto para Pedro Sánchez, que "não se pode esconder". Feijóo demandou ainda o fim do pacto do PSOE com a Coligação por Melilla na cidade autónoma e relembrou o apoio que os socialistas têm do EH Bildu, partido basco que tinha 44 ex-membros da ETA condenados em listas municipais, incluindo sete antigos etarras que cumpriram pena por assassinato - que renunciaram à participação no escrutínio.
As eleições autárquicas e regionais de hoje serão um barómetro para o Executivo espanhol, que terá de marcar até ao final do ano as legislativas. Na última sondagem, feita pelo Centro de Investigações Sociológicas e divulgada na segunda-feira, antes dos escândalos da semana, o PSOE teve uma queda de 1,8 pontos percentuais e tinha 30,2% das intenções de voto globais. Já o PP subiu 0,9 pontos e reunia 27,9%. A coligação Unidas Podemos e o Vox contavam com 8% cada.
Predomínio socialista
Das 12 comunidades autónomas que vão a votos hoje, o PSOE lidera os governos regionais de nove (Aragão, Astúrias, Baleares, Canárias, Castela La Mancha, Comunidade Valenciana, Extremadura, Navarra e Rioja). O PP comanda Madrid e Múrcia, enquanto o Partido Regionalista da Cantábria governa a comunidade homónima.
PP lidera em Madrid
Tanto a cidade como a Comunidade de Madrid devem permanecer nas mãos do PP, indicam as últimas sondagens, com a perspetiva de o partido ter uma maioria absoluta na região autónoma. Já em Barcelona, governada pela Esquerda, está prevista uma disputa renhida no campo progressista.
