
O ministro do Interior alemão, Alexander Dobrindt
Foto: Tobias Schwarz/AFP
O Governo alemão proibiu, esta quarta-feira, um grupo muçulmano, acusando-o de violar os direitos humanos e os valores democráticos do país, e realizou buscas a outros dois grupos em várias regiões da Alemanha.
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O Ministério do Interior afirmou que a organização agora proibida, Muslim Interaktiv, representava uma ameaça à ordem constitucional da Alemanha ao defender um califado, rejeitar os direitos das mulheres e incitar ao ódio contra Israel.
O grupo era conhecido pela presença eficaz nas redes sociais, utilizada para atrair especialmente jovens muçulmanos que se pudessem sentir alienados ou discriminados numa sociedade alemã de maioria cristã.
Segundo o Governo alemão, o grupo representava uma ameaça particular por promover o Islão como único modelo de organização social.
Também defendia que a lei islâmica deveria prevalecer sobre a lei alemã na regulação da vida da comunidade muçulmana, nomeadamente no tratamento das mulheres.
A Alemanha tem atuado nos últimos anos de forma mais rigorosa contra o extremismo, tendo proibido vários grupos de extrema-direita e muçulmanos.
A ofensiva ocorre após uma série de ataques cometidos por extremistas muçulmanos e grupos de extrema-direita.
O Muslim Interaktiv foi alvo de fortes críticas em abril de 2024, durante uma manifestação em Hamburgo que reuniu mais de 1.200 pessoas, denunciando o que descrevia como uma política alegadamente islamófoba da Alemanha.
Entre os cartazes exibidos lia-se, nomeadamente, a frase: "O califado é a solução", segundo a agência de notícas France-Presse (AFP).
"Responderemos com todo o peso da lei a quem apelar agressivamente à criação de um califado nas nossas ruas", disse o ministro do Interior, Alexander Dobrindt, no comunicado divulgado hoje.
Dobrindt referiu que a mesma atitude será tomada contra quem "incitar ao ódio contra o Estado de Israel e os judeus de forma intolerável, e desprezar os direitos das mulheres e das minorias".
O ministério anunciou ainda que estavam em curso investigações contra os grupos Generation Islam e Realitat Islam.
"Não permitiremos que organizações como a Muslim Interaktiv minem a nossa sociedade livre com o seu ódio, desprezem a nossa democracia e ataquem o nosso país a partir de dentro", acrescentou Dobrindt, citado pela agência norte-americana The Associated Press (AP).
O ministério afirmou que o grupo "se opõe particularmente à igualdade de género e à liberdade de orientação sexual e identidade de género".
"Esta postura expressa uma intolerância incompatível com a democracia e os direitos humanos", acrescentou.
As autoridades realizaram hoje buscas em sete instalações na cidade de Hamburgo (norte) e em 12 locais em Berlim e no estado de Hesse (centro), no âmbito das investigações aos outros dois grupos.
O Governo afirmou que a Muslim Interaktiv procurava doutrinar o maior número possível de pessoas e "assim criar inimigos permanentes da Constituição, com o objetivo de minar continuamente a ordem constitucional".
O grupo tinha uma presença particularmente ativa no estado de Hamburgo, cujo ministro do Interior, Andy Grote, elogiou a proibição, considerando-a "um golpe contra o islamismo moderno do TikTok", segundo a agência de notícias alemã DPA.
Ahmad Mansour, um conhecido ativista árabe-israelita contra o extremismo islâmico na Alemanha, elogiou a medida como "justa e necessária".
A Muslim Interaktiv "faz parte de uma rede islamista que se tornou significativamente mais agressiva e perigosa nos últimos meses", escreveu Mansour nas redes sociais.
"Promovem campanhas de intimidação, mobilizam jovens de forma direcionada e tentam doutriná-los com ideologia islamista", acrescentou, referindo-se ao movimento político-religioso que defende o fundamentalismo.
A presença "online" da Muslim Interaktiv parecia ter sido retirada hoje de manhã e o grupo não pôde ser contactado para comentários, acrescentou a AP.
