O Ministério da Defesa alemão anunciou uma reestruturação nas Forças Armadas e não descarta uma possível reintrodução do serviço militar obrigatório no país.
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A crescente tensão entre a Rússia e o Ocidente tem levado alguns países - sobretudo os que fazem parte da NATO - a fazerem uma reflexão sobre as condições de defesa internas. A Alemanha, um dos estados que mais preocupação tem demonstrado com questões de segurança desde que a guerra bateu à porta da Europa, já deu o primeiro passo para se começar a prevenir contra eventuais ameaças.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, apresentou, quinta-feira, um plano de reorganização das Forças Armadas que tem como objetivo deixar a nação "pronta para a guerra", apontou durante a inauguração de uma nova estrutura em Berlim.
Além das forças terrestres, aéreas e marinhas, a Alemanha também irá contar, num futuro próximo, com um quarto elemento de defesa que se irá dedicar à segurança cibernética e da informação, que terá os focos direcionados para uma possível guerra eletrónica. Com esta medida, refere o "El País", o estado europeu pretende estar mais bem preparado para enfrentar a ameaça de uma guerra híbrida, que inclui desinformação e divisão, e da qual Berlim tem vindo a alertar há algum tempo, especialmente depois de a Rússia ter divulgado uma conversa telefónica entre comandantes das Forças Armadas germânicas.
"Os quatro ramos do Exército estarão sob um comando operacional unificado que irá assumir o planeamento e a direção de forma central", explicou Pistorius, acrescentando que o plano deverá ser implementado no prazo de seis meses. O governante esclareceu ainda que o objetivo é tornar as Forças Armadas "mais ágeis, mais rápidas e mais aptas para a guerra", ao mesmo tempo que são feitas alterações estruturais que conduzam a um "Exército da nova era".
"O contexto de ameaça intensificou-se na Europa. Estamos a enfrentar os desafios resultantes", reforçou Pistorius, deixando ainda uma mensagem para possíveis inimigos: "Estamos a defender o nosso país e os nossos aliados. Ninguém deve ter a ideia de atacar o território da NATO".
O plano apresentado pelo ministro da Defesa integra o objetivo do Governo de Olaf Scholz de modernizar as Forças Armadas. Esta preocupação é transversal a outros estados europeus, sendo que em alguns casos já foi colocada em cima da mesa a possibilidade de ser reintroduzido o serviço militar obrigatório.
Na Alemanha, o tema também poderá ser alvo de discussão. "Em todas as nossas conversas, temos essa possibilidade [serviço militar obrigatório] em consideração. Isso não significa que as estruturas não funcionem sem ele", sublinhou Pistorius.
