O Chile lançou um alerta de tsunami após um sismo de magnitude 7,5 na escala de Richter, registado no mar a 10 quilómetros de profundidade e a cerca de 218 quilómetros a sul da cidade chilena Puerto Williams — praticamente à mesma distância do sul de Ushuaia, na Argentina. Os dois países emitiram ordens de evacuação.
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As autoridades chilenas apelaram à evacuação da costa da região de Magalhães, no extremo sul do país, depois de terem declarado um alerta de tsunami devido a um terramoto no mar da Argentina. Os alertas de tsunami e de evacuação foram, entretanto, retirados, pouco depois das 17 horas em Portugal Continental, de acordo com a agência francesa AFP.
"A evacuação preventiva terminou. Isto significa que toda gente pode regressar e continuar as suas atividades", garantiu Juan Carlos Andrade, diretor Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres (Senapred) de Magalhães.
Ao início da tarde, o presidente do Chile, Gabriel Boric, tinha recorrido à rede social X para alertar a população. "Estamos a pedir a evacuação da linha costeira em toda a região de Magalhães. Neste momento, o nosso dever é prevenir e ouvir as autoridades”, escreveu na sua conta.
Boric suspendeu a agenda de hoje e dirigiu-se para o Palácio de La Moneda, em Santiago do Chile, para supervisionar a emergência. A zona de risco do tsunami incluía Punta Arenas, com mais de 150 mil habitantes, a cidade natal do presidente e a maior do Estreito de Magalhães.
"Foi convocada uma reunião do Cogrid [Comité de Gestão do Risco de Desastres], com a participação das autoridades governamentais”, anunciou também o gabinete de Boric.
A Marinha do Chile apontou que as ondas provocadas pelo terramoto pudessem atingir as costas da Península Antártica e da ponta sul da América do Sul nas próximas horas, com alturas estimadas de entre 0,3 a 1 metro. Os primeiros lugares que poderiam alcançar eram as bases militares chilenas Bernardo O'Higgins e Arturo Prat, na Antártica.
Não houve ainda relatos de danos materiais ou pessoais e as autoridades continuavam a verificar variações anormais do nível do mar nas áreas costeiras, enquanto a população se retirava para zonas mais elevadas com calma, segundo a agência espanhola EFE.
O sismo foi sentido às 9.58 horas locais (13.58 em Portugal Continental) e ocorreram várias réplicas mais fracas. De acordo com o Centro Sismológico Nacional do Chile, o terramoto teve uma magnitude de 7,5 na escala de Richter, enquanto o Serviço Geológico dos Estados Unidos registou uma de 7,4.
O epicentro foi no mar, na Passagem de Drake, a 10 quilómetros profundidade. O sismo registou-se a cerca de 218 quilómetros a sul da cidade chilena Puerto Williams e a 219 quilómetros a sul da cidade argentina Ushuaia.
O Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha do Chile (SHOA) emitiu um alerta de tsunami e o Senapred solicitou a evacuação do litoral da região e o estabelecimento de um estado de precaução na zona de praias do Território Antártico Chileno.
O Chile é um dos países com mais terramotos no mundo. Três placas tectónicas convergem no seu território: a Placa de Nazca, a Placa Sul-Americana e a Placa Antártica.
Em 1960, a cidade de Valdivia, no sul do país, foi devastada por um terramoto de magnitude 9,5 — considerado o mais forte alguma vez registado — que matou 9500 pessoas. Já em 2010, um terramoto de magnitude 8,8, seguido de um tsunami, fez mais de 520 vítimas mortais.
Argentina emitiu ordem de evacuação
Na Argentina, o terramoto foi sentido principalmente em Ushuaia, na província sulista Tierra del Fuego. Os residentes da vila remota de Puerto Almanza receberam uma ordem de evacuação da zona esta sexta-feira, devido ao risco de um tsunami na sequência do terramoto na costa sul da América do Sul.
"Foi pedido aos residentes da zona de Puerto Almanza, localizada a aproximadamente 75 quilómetros de Ushuaia, na costa este do Estreito de Beagle, que saíssem preventivamente e se deslocassem para terreno mais alto e seguro", escreveu na rede social X o Governo de Tierra del Fuego. Segundo o jornal "Clarín", as autoridades argentinas também suspenderam a navegação marítima na região durante três horas e meia.
Evacuações a decorrer normalmente
As autoridades de Tierra del Fuego, na Argentina, e Magalhães, no Chile, disseram não haver quaisquer danos ou feridos até ao momento.
Na rede social X, vários vídeos mostram residentes chilenos a deixar as suas casas em Puerto Williams. As autoridades partilharam um vídeo onde se pode ver um polícia a empurrar uma pessoa numa cadeira de rodas por uma colina acima, numa vila com 2800 habitantes. Outros registos mostram a população a subir a montanha a pé.
"A evacuação preventiva correu bem, sem incidentes a registar até ao momento", garantiu, na altura, Juan Carlos Andrade aos jornalistas, citado pela AFP.