"Algumas pessoas desmaiaram" no avião. Brasileiros deportados dos EUA sem água e sem idas ao WC
Passageiros estiveram quatro horas sem água e sem autorização para irem à casa de banho. Avaria no ar condicionado levou pessoas a desmaiarem. A ministra dos Direitos Humanos do Brasil revelou ainda que havia crianças autistas no avião, que passaram momentos difíceis.
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Quase 90 brasileiros deportados dos EUA chegaram de avião algemados e com os pés acorrentados, num voo que o Governo de Lula da Silva já descreveu como um “flagrante desrespeito” pelos direitos humanos. Edgar Moura, técnico informático de 31 anos, foi uma das 88 pessoas que regressou a Manaus, após ter estado sete meses detido nos Estados Unidos.
Em declarações à AFP, revelou que, durante a viagem, não lhes deram água. "Estávamos com as mãos e os pés amarrados, não nos deixaram ir à casa de banho", revelou, acrescentando que "algumas pessoas desmaiaram" devido ao calor excessivo.
Luis Santos, freelancer de 21 anos, confirmou o "pesadelo", sublinhando que os passageiros com problemas respiratórios estiveram quatro horas em dificuldades, "sem ar condicionado", na sequência de problemas técnicos no avião. "As coisas já mudaram (com Donald Trump), os imigrantes são tratados como criminosos”, constatou.
O voo tinha como destino original a cidade de Belo Horizonte, mas um problema técnico levou-o a aterrar em Manaus. Em declarações aos jornalistas, Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos do Brasil, afirmou que no avião seguiam também "crianças com autismo, que passaram por momentos complicados".
Quando o avião aterrou na cidade de Manaus, no norte do país, as autoridades brasileiras ordenaram aos funcionários norte-americanos que “retirassem imediatamente as algemas”, informou o Ministério da Justiça em comunicado. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou Lula da Silva sobre “o flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”.
“Ao tomar conhecimento da situação, o presidente Lula determinou que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) fosse mobilizada para transportar os brasileiros até o destino final, a fim de garantir que pudessem concluir a viagem com dignidade e segurança”, informou o Ministério da Justiça.
A polémica surge no momento em que a América Latina se debate com o regresso ao poder de Donald Trump ao poder, com uma agenda anti-imigração de linha dura, prometendo repressão da migração irregular e deportações em massa.