O primeiro-ministro de Israel anunciou, esta segunda-feira, uma "pausa" no processo de aprovação da reforma judicial, que motivou uma onda de indignação e protestos de milhares de pessoas nas ruas, além de uma greve geral.
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Numa mensagem à nação, Benjamin Netanyahu anunciou que a adoção definitiva dos diferentes projetos de lei da reforma era adiada para a próxima sessão parlamentar, que será aberta após o feriado da Páscoa (de 5 a 13 de abril), cedendo em parte às exigências dos opositores.
Antes, o ministro da Segurança Nacional israelita havia revelado que a controversa proposta de reforma judicial foi suspensa. Parceiro do Governo de coligação, Itamar Ben-Gvir disse ter concordado com a suspensão da legislação até à sessão de verão do Parlamento (Knesset) prevista para 30 de abril. Indicou ainda que esta pausa permitirá ao Governo procurar um compromisso com a oposição.
O anúncio do adiamento coincidiu com uma manifestação de 100 mil pessoas que se concentraram frente ao Knesset (parlamento) contra a reforma judicial do Governo, e que coincidiu com uma histórica greve geral contra a medida do Executivo de Benjamin Netanyahu.
A concentração desta segunda-feira segue-se aos contínuos protestos que decorrem há vários dias, incluindo manifestações na noite de domingo que concentraram mais de 650 mil pessoas em cidades do todo o país, e após Netanyahu ter demitido o ministro da Defesa, que pediu uma suspensão da reforma judicial face à divisão que está a provocar no país.
O protesto frente ao Knesset em Jerusalém junta-se a outra massiva mobilização em Telavive, para além das registadas em cidades do norte e do sul, enquanto importantes empresas faziam greve.
"Democracia, democracia" e "Israel não é o Irão" foram algumas das palavras de ordem entoadas pelos presentes, que revelaram ceticismo face à possível suspensão temporal da reforma por parte de Netanyahu.
Em paralelo às manifestações, grupos de extrema-direita, incluindo dois importantes ministros do Governo, Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich, convocaram os seus apoiantes para se mobilizarem em apoio à reforma, também nos arredores do Parlamento.
Este apelo suscitou receios de confrontos entre os manifestantes, também devido à presença entre os grupos da ultradireita do grupo extremista "A Família", conhecido pelas suas ações violentas.
Estes grupos estavam a disponibilizar autocarros para facilitar a deslocação a Jerusalém dos seus apoiantes a partir de várias cidades de Israel e de colonatos na Cisjordânia ocupada, onde se concentra a maioria dos votantes dos partidos de extrema-direita que integram a coligação governamental.
A polémica reforma judicial prevê o reforço do poder ao Executivo em detrimento do sistema judicial, cuja independência ficaria comprometida.