Aliança de Lula contra a fome por um Mundo mais igual. Portugal junta-se como membro fundador
Desigualdades sociais estiveram no centro do primeiro dia da cimeira do G20. Mais de 80 países aderiram a aliança contra a fome promovida pelo Brasil. Portugal vai contribuir com pelo menos 283 mil euros anuais.
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“De um lado, a beleza exuberante da natureza sob os braços abertos do Cristo Redentor. Um povo diverso, vibrante, criativo e acolhedor. De outro, injustiças sociais profundas. O retrato vivo de desigualdades históricas persistentes.” Descrevendo assim a Cidade Maravilhosa que acolhe, desde esta segunda-feira e até amanhã, a cimeira do G20, Lula da Silva resumiu também o Mundo. E, sob esse pretexto, lançou oficialmente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, defendendo que os líderes mundiais devem lutar para acabar com “essa chaga que envergonha a humanidade” e que não é “resultado da escassez ou de fenómenos naturais”, mas sim “produto de decisões políticas que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade”.
“Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G20 o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Este será o nosso maior legado. Não se trata apenas de fazer justiça. É uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz”, asseverou o presidente brasileiro, a partir do Rio de Janeiro e perante os líderes das 20 maiores economias mundiais e de países convidados, como o primeiro-ministro português.
Integrando a cúpula do G20 pela primeira vez, como observador a convite da presidência brasileira, Portugal vai apoiar a nova aliança, a que se juntou como membro fundador, com cerca de 283 mil euros anuais. “O compromisso é firme, assim como será o investimento. Portugal irá contribuir com cerca de 10% do custo de funcionamento do mecanismo de Apoio da Aliança, 300 mil dólares, pelo menos até 2030”, anunciou Montenegro.
Saudando Lula por trazer para o debate “temas essenciais como a erradicação da pobreza e da fome”, Luís Montenegro apontou que “quebrar ciclos intergeracionais de pobreza é uma das prioridades de Portugal” e que “a decisão histórica” de criar esta aliança “irá imprimir uma nova dinâmica política”, que deverá mobilizar todos para atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.
Apoios a 500 milhões de pessoas
A iniciativa pretende acelerar esforços globais para erradicar a miséria, visando, por exemplo, ajudar financeiramente 500 milhões de pessoas em países de baixo e médio rendimento, e possibilitar que 150 milhões de crianças tenham acesso a refeitório nas escolas. Entre os 82 países que já aderiram à aliança, estão todos os que compõem o G20, incluindo a Argentina, que, embora se tenha inicialmente distanciado do projeto, acabou por alinhar com o grupo.
Na ocasião, deu-se o primeiro encontro presencial entre Lula da Silva e Javier Milei após uma acalorada troca de galhardetes. Ao passo que, nos cumprimentos formais que lançaram o primeiro dia da cimeira, Lula posou sorridente com o presidente norte-americano, Joe Biden, e abraçou entusiasticamente o francês Emmanuel Macron, ao homólogo argentino bastou um aperto de mão seco e uma fotografia forçada.
Clima, raça e género
Além de ter instado as economias mais fortes do Mundo a comprometerem-se com o combate ao “símbolo máximo da tragédia coletiva”, o chefe de Estado brasileiro criticou também o investimento milionário nas guerras, pôs em foco os “efeitos devastadores” da crise climática e lembrou o aprofundamento das “desigualdades raciais e de género”.