Investigadores da Universidade de Plymouth, nos EUA, descobriram que o branqueamento dos corais provacado pelo aumento da temperatura no Oceano Índico está a atingir uma profundidade de 90 metros. Algo que os cientistas pensavam não ser possivel.
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O estudo da Universidade de Plymouth, nos EUA, concluiu que, ao contrário do que se pensava, os corais a 90 metros de profundidade também são sujeitos ao branqueamento provocado pelo aumento da temperatura do mar e apontam para um dano de 80% nos corais, avança a agência Reuters.
O líder desta investigação e professor de Física na Universidade de Plymouth, Phil Hosegood, não tem dúvidas de que se trata de uma "revelação inequívoca" e explica que "os corais mais profundos eram vistos como imunes ao aquecimento dos oceanos, porque os seus ambientes subaquáticos são mais frios do que à superfície e são considerados mais estáveis".
Os especialistas pensavam que os corais em profundidades de 30 a 150 metros estariam a salvo dos branqueamentos e podiam diminuir os danos nas partes menos profundas, agora a equipa comandada por Hosegood conseguiu perceber que essa era uma ideia errada, visto que o impacto nos corais mais profundos pode ser semelhante.
O branqueamento deve-se ao um aumento de 30% da temperatura do mar no oceano Índico, segundo os autores do estudo publicado pela revista "Nature Communications".
Os primeiros sinais de que o fenómeno podia estar a atingir profundidades foram detetados, em 2019, quando os investigadores usaram câmaras ligadas a robôs subaquáticos.
O problema está, na perspetiva dos cientistas, na camada termoclina onde as temperaturas mudam rapidamente com a profundidade. Segundo a investigadora Clara Diaz, "os resultados demonstram inequivocamente que este branqueamento resultou de um aprofundamento da termoclina".
Este aumento deve-se a fenómenos climáticos semelhantes ao El Niño, de acordo com Diaz.
Apesar de não ser possível "evitar que a termoclina se aprofunde", Hosegood considera que se deve "alargar o conhecimento sobre as consequências desta mudança nestes ambientes que permanecem em grande parte inexplorados", algo que, tendo em conta o avanço galopante das alterações climáticas, "nunca foi tão imperativo".
O estudo foi realizado no Oceano Índico, mas "os recifes a profundidades semelhantes aqueles que foram estudados, podem estar sob ameaça", alertou o físico.