Uma estudante do ensino secundário morreu e outros três alunos ficaram feridos num ataque perpetrado com arma branca por outro estudante do mesmo colégio particular de Nantes, oeste da França, que foi preso.
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Por volta das12.30 horas locais (11.30 horas em Portugal continental), um aluno armado com uma faca atacou quatro colegas antes de ser dominado por professores e posteriormente preso, segundo os primeiros dados da investigação.
A rua que leva ao colégio onde aconteceu o ataque foi isolada por forças de segurança, constataram repórteres da AFP. Pais preocupados reuniram-se ao redor da escola. Ludivine, que não quis fornecer o seu apelido, afirmou que a sua filha está na sala afetada pelo ataque.
"Não a deixo sair sozinha. Nunca pensei que algo assim poderia acontecer no seu colégio", comentou, descrevendo o colégio Notre Dame de Toutes Aides - que possui dois mil alunos - como "tranquilo e correto em todos os sentidos"
Consternação e indignação
"Estava no refeitório com as minhas amigas e disseram-nos que um aluno havia esfaqueado estudantes em várias salas. Pediram-nos que não saíssemos dali durante 20 minutos e depois confinaram-nos numa quadra. Permanecemos muito tempo ali, mas ligamos para os nossos pais para tranquilizá-los", declarou à AFP uma aluna. "O rapaz era conhecido por estar deprimido e dizia que adorava Hitler. Enviou um e-mail de 13 páginas a toda a gente a explicar os seus problemas ao meio-dia", acrescentou.
Um aluno partilhou com a AFP o manifesto do jovem, onde menciona que "a globalização converteu o nosso sistema numa máquina destruir o ser humano", reivindicando uma "revolta biológica para que o equilíbrio natural, embora cruel, recupere o seu lugar frente ao ecocídio globalizado".
"Envio os meus pensamentos comovidos às famílias, aos estudantes e a toda a comunidade educacional, cuja nação partilha o choque e a dor. Graças à sua intervenção, os professores sem dúvida evitaram outros dramas. A sua coragem merece todo o nosso respeito", reagiu o presidente de França, Emmanuel Macron, no X.
Num comunicado, o primeiro-ministro François Bayrou fez um apelo para um "despertar coletivo" frente à "violência endémica" que afeta "parte da nossa juventude".
O chefe de governo também pediu que "lhe sejam apresentadas propostas concretas em matéria de prevenção, regulação e repressão" centradas nas "violências cometidas por menores com armas brancas".
A líder da extrema-direita em França (RN, primeira força de oposição no Parlamento), Marine Le Pen, disse que "é hora de tomar as medidas necessárias para erradicar essa banalização da ultraviolência que faz estragos no coração das nossas escolas", escreveu no X.
"Ante essa violência inaudita, fazemos um apelo de tomada de consciência coletiva sobre a importância de garantir a segurança nas nossas escolas", reagiu, por sua vez, o sindicato estudantil Uni, de direita.
Catherine Nave Bekhti, secretária-geral da federação CFDT Educação, considerou que "o que resulta terrível é que se trata de um aluno do próprio colégio. É impossível controlar tudo e é impossível revistar todas as mochilas em todos os colégios", insistiu.
A prefeita de Nantes, Johanna Rolland (Partido Socialista), expressou a sua "emoção" ante o "drama atroz". "Os meus pensamentos e o meu apoio às vítimas e a seus entes queridos frente à horrível tragédia que se abateu sobre eles", escreveu no X.
Ataques dentro ou perto de escolas, envolvendo adolescentes armados com facas, estão a tornar-se comuns em França.