As escolas britânicas de ensino básico e secundário terão, a partir de setembro de 2026, cursos obrigatórios para combater a misoginia, de acordo com as novas diretrizes educacionais publicadas, na terça-feira, pelo Ministério da Educação do Reino Unido.
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Esses cursos seriam uma nova versão do guia de educação sobre sexualidade e saúde (RSHE), cujo objetivo é consciencializar os jovens sobre a crescente disseminação de conteúdos misóginos online, promovidos por influencers como Andrew Tate. O ministério insiste na importância de não "estigmatizar" esses jovens, mas sim ajudá-los a encontrar modelos masculinos positivos.
Além das aulas sobre ódio online, como o movimento "incel" (homens solteiros que culpam as mulheres por sua situação), os centros educacionais devem consciencializar os alunos sobre os riscos relacionados à inteligência artificial e os "deepfakes" (vídeos, imagens ou áudios manipulados por inteligência artificial para criar conteúdo falso, mas realista), assim como sobre os vínculos entre pornografia e misoginia.
O governo britânico convida as escolas de ensino fundamental e médio a integrar essas novas diretrizes a partir do próximo ano letivo, com o objetivo de aplicá-las completamente até setembro de 2026.
Segundo o Ministério da Educação, cerca de 54% dos jovens entre 11 e 19 anos no Reino Unido declaram ter ouvido ou visto comentários misóginos.
Durante a campanha eleitoral que o levou ao poder em julho de 2024, o Partido Trabalhista prometeu reduzir pela metade a violência contra mulheres e meninas num prazo de dez anos.
No início deste ano, o primeiro-ministro, Keir Starmer, anunciou que "Adolescência", série da Netflix que trata do impacto devastador de conteúdos machistas em redes sociais sobre os jovens, seria exibida nas escolas. Além disso, Starmer fez um apelo mais geral para debater os meios de "evitar que os jovens homens sejam arrastados por um redemoinho de ódio e misoginia".