Tendência de queda no beijo entre jovens estudantes indica um afastamento da “atividade sexual física real” que pode afetar a taxa de natalidade do Japão.
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Apenas um em cada cinco meninos do ensino médio no Japão experimentou o primeiro beijo – o número mais baixo desde 1974, segundo um estudo realizado pela Associação Japonesa de Educação Sexual (JASE), envolvendo mais de 12.500 estudantes, publicada no jornal “O Mainichi”. A investigação, realizada no ano letivo de 2023, revelou que apenas 22,8% dos meninos tiveram o primeiro beijo, enquanto 27,5 % das meninas da mesma faixa etária viveram essa experiência.
Desde que atingiu o pico em 2005, a proporção de estudantes do ensino secundário que deram o primeiro beijo tem diminuído constantemente no Japão. Além disso, o rácio daqueles que tiveram relações sexuais também caiu 3,5 pontos, para 12%, entre os rapazes do ensino secundário, enquanto o número caiu 5,3 pontos, para 14,8 %, entre as raparigas.
Os especialistas atribuíram à pandemia da covid-19 a causa provável da queda nos números, uma vez que os alunos do ensino secundário foram forçados a ficar em casa e instados a evitar locais lotados, espaços confinados e ambientes de contacto próximo.
Tamaki Kawasaki, comentador e professor de sociologia, disse que os jovens japoneses preferem ficar em casa e assistir a conteúdos sexuais sozinhos, o que ameaça a já baixa taxa de natalidade do país.
“Isso mostra que a tendência é que as pessoas se afastem da atividade sexual física real, mesmo num momento em que é natural para elas serem sexualmente ativas”, disse Kawasaki, citado pelo jornal “The Guardian”.
“Em vez disso, há uma tendência mais forte para ficarem em casa e assistirem a conteúdos sexuais sozinhos. Se os adolescentes, que representam o futuro do país, continuarem assim, será difícil ver qualquer melhoria na taxa de natalidade em declínio.”
Diminuição da taxa de natalidade e envelhecimento da população
O Japão foi atingido pelo duplo golpe de uma taxa de natalidade em declínio e de uma população envelhecida nos últimos anos. Segundo dados do Governo nipónico, o número de bebés nascidos no país caiu pelo oitavo ano consecutivo em 2023, para 758.631.
Entretanto, o número de cidadãos com 65 anos ou mais atingiu uns surpreendentes 36,25 milhões em 2024, constituindo 29,3% da população total.