A Amnistia Internacional destacou uma equipa para investigar "graves violações dos direitos humanos" no Peru, onde dezenas de manifestantes e um polícia já morreram nos protestos antigovernamentais que abalam o país desde dezembro, anunciou esta terça-feira a organização.
Corpo do artigo
"Dada a gravidade das alegações de violações dos direitos humanos que estamos a receber, mobilizámos a nossa equipa especializada de resposta a crises continentais, que só é implantada em situações extremamente graves, quando há indícios de possíveis crimes nos termos do direito internacional" anunciou a organização em comunicado.
Esta equipa vai investigar as violações dos direitos humanos, pretendendo contribuir "para os esforços das organizações peruanas na identificação de supostas responsabilidades criminais das autoridades, incluindo ao mais alto nível", disse Erika Guevara-Rosas, diretora da Amnistia Internacional para as Américas.
Até agora, pelo menos 65 pessoas morreram, incluindo um polícia segundo as autoridades locais, nas manifestações de contestação ao Governo do Peru, que abalam o país desde o início de dezembro.
A Amnistia Internacional (AI) exortou a Presidente, Dina Boluarte, a "parar a violenta repressão das manifestações pelas forças de segurança".
"Para encontrar uma saída para a crise que o país enfrenta, o governo deve concentrar todos os esforços em ouvir e responder genuinamente às exigências da população, especialmente as pessoas historicamente discriminadas devido à sua origem étnica e racial", disse Marina Navarro, diretora executiva da AI no Peru.
A AI sublinha que são necessárias "mudanças substanciais e estruturais urgentes" para garantir que "todas as pessoas no Peru possam usufruir dos seus direitos humanos e viver com dignidade" e promete que a sua equipa vai acompanhar as vítimas e exigir que as autoridades peruanas garantam "os seus direitos à justiça, à verdade e à reparação".
No final da visita da sua equipa de crise, a AI anunciará numa conferência de imprensa as conclusões preliminares da investigação, para a qual reunirá testemunhos e documentos, provas fotográficas e vídeo com o intuito de averiguar as alegações de violações dos direitos humanos e possíveis crimes ao abrigo do direito internacional.
A contestação no Peru começou após a demissão do ex-presidente Pedro Castillo, detido depois de tentar dissolver o Congresso, e os manifestantes pedem a demissão da atual presidente, Dina Boluarte, a dissolução do Congresso e a convocação de eleições para uma assembleia constituinte, além de punição para os responsáveis policiais e militares envolvidos na repressão.