A Amnistia Internacional saudou esta terça-feira a "medida corajosa" do Governo de Espanha de receber o navio humanitário Aquarius, proibido de aportar em Itália e Malta, situação que mostra as "deficiências estruturais do sistema de asilo europeu".
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Em comunicado, a secção espanhola da organização internacional de defesa dos direitos humanos afirma que "essas deficiências" fazem com que "não haja uma distribuição equitativa e justa das pessoas refugiadas na Europa, que é incapaz de oferecer proteção às pessoas que chegam às suas fronteiras e de reunificar as famílias".
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A Amnistia Internacional critica a recusa de Itália e de Malta e sublinha que, a 28 e 29 de junho, Espanha, como os restantes países membros da União Europeia, "terá a oportunidade de defender a reforma do sistema de asilo na reunião do Conselho Europeu de chefes de governo".
A organização frisa ainda que os migrantes que chegam da Líbia foram sujeitos a múltiplas violações dos direitos humanos, incluindo "escravatura e abusos por parte de membros da guarda costeira líbia, financiada e formada pela UE, assim como de grupos armados e bandos criminosos", situação documentada pela Amnistia num recente relatório.
O Aquarius, operado pela organização não-governamental SOS Mediterranée, transporta 629 migrantes resgatados do Mediterrâneo ao longo do dia de sábado, entre os quais 123 menores, 11 bebés e sete grávidas.
No domingo, o navio foi proibido de atracar em Itália e, depois, em Malta, situação que só foi desbloqueada na segunda-feira com a oferta do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de acolher o navio em Valência (leste).
Itália e Grécia são os principais países de chegada de migrantes que atravessam o Mediterrâneo com destino à UE.
Segundo a Organização Mundial das Migrações (OIM), entre 1 de janeiro e 6 de junho de 2018, 13.808 migrantes chegaram por mar a Itália, 11.236 à Grécia e 8309 a Espanha.