Tem 23 anos e diz que nunca foi discriminada. Chama-se Ángela Ponce. É a primeira transexual a concorrer ao título de de MIss Espanha.
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"Aqui estou eu e não sou rara, só tenho uma história diferente. Uma mulher a quem a vida veio de uma maneira diferente, mas sou uma mulher", diz Ángela Ponce, a primeira espanhola transexual a concorrer ao "Miss World Spain 2015".
A atual "Miss Cádiz", cidade do sul de Espanha de onde é natural, refere que "a sociedade não está educada para a diversidade" e foi isso que a motivou a avançar.
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"Até há bem pouco tempo, a maioria das pessoas transexuais aparecia de repente quando atingiam a maioridade ou até pensavam que se tratava de uma perversão. Pouco a pouco, graças aos meios de comunicação e às famílias de meninos e meninas transexuais, estes mitos tendem a desaparecer. No entanto, ainda há muito trabalho a fazer em todos os âmbitos", refere África Pastor Espuch, vice-presidente da Fundação Daniela, que defende os direitos dos transexuais.
A modelo soube, desde sempre, que se identificava melhor com o sexo feminino do que com aquele com que tinha nascido. Aos 11 anos começou a pesquisar sobre aquilo que sentia. Identificou-se com a transexualidade e soube, desde logo, que teria de lutar para conseguir ser quem realmente era.
A modelo espanhola concluiu a mudança de sexo em abril de 2014 e destacou a importância da família no processo.
"A base de tudo foi o apoio da minha família. Quando era pequena, íamos com o meu irmão a uma grande superficíe e os nossos pais diziam que podíamos escolher um brinquedo. Recordo-me de ir para as bonecas e pegar numa Barbie e dizer-lhes: é isto que quero. Nunca me disseram que não. O meu pai pegava na boneca e brincava comigo", confessa.
A jovem modelo diz, em entrevista à agência de notícias EFE, que, apesar de não considerar que tenha sido discriminada na juventude, teve de lidar com a falta de compreensão e conhecimento de alguns. "Há sempre quem te insulte ou que acredita que é melhor do que tu. As pessoas não sabem o que é a transexualidade e continuam a confundir com transformismo", esclarece a "Miss Cádiz".
O caso da espanhola não é único, já que, em 2012, a canadiana transexual Jenna Talackova tornou-se "Miss Vancouver" e até já há agências de modelos especializadas, como a The Atlantic, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.
Ángela Ponce espera que a história que vai mostrar este domingo em Málaga mude a visão das pessoas e que o seu sonho se torne realidade: que histórias como a sua se tornem mais normais e que a sociedade aceite a diversidade que nela existe.