Milhões de sul-africanos celebraram, esta quarta-feira, o 94.º aniversário de Nelson Mandela fazendo trabalho comunitário, como construção de casas para sem abrigo ou tarefas diárias em infantários e lares de idosos para os mais desfavorecidos.
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De norte a sul do "país do arco-íris" (como Mandela e o arcebispo Desmond Tutu batizaram a África do Sul pós-1994), brancos e negros viveram um dia intenso de solidariedade social, seguindo à risca a herança do primeiro presidente negro da sua história.
Muitos dedicaram muito mais do que os 67 minutos recomendados pela ocasião, passando vários dias da semana em bairros degradados para ajudar a construir casas sociais, como no bairro de Orange Farm, perto do Soweto, onde muitos estudantes foram recrutados por uma organização não governamental para um projeto de habitação comunitária.
"Esta herança deve ser mantida e estimulada, estes 67 minutos em honra de Mandela fazem uma diferença tremenda na sociedade e mesmo as gerações mais novas, crianças que não eram sequer nascidas quando Mandela foi presidente, já percebem e abraçam o potencial de unidade e solidariedade das tarefas propostas por aquele que foi, afinal, o fundador da nova nação", defendeu Manny de Freitas, o deputado lusodescendente da Aliança Democrática, a oposição oficial no parlamento sul-africano.
Freitas passou grande parte do dia numa instituição que acolhe crianças órfãos de pais vítimas do VIH/SIDA, muitas delas também seropositivas, juntamente com sete voluntários recrutados nas estruturas partidárias.
No lar "Nkosi's Haven", situado num bairro a sul de Joanesburgo, o deputado lusodescendente e acompanhantes dispuseram-se a ajudar no que fosse preciso, calhando-lhes a limpeza do vasto jardim da propriedade como tarefa do Dia de Mandela.
Como ele, muitos da classe política, profissionais, trabalhadores, estudantes e gestores deitaram mãos à obra em todo o país para celebrar uma data reconhecida pelas Nações Unidas como uma jornada dedicada aos mais carentes da sociedade.
Em todas as escolas do país, 12 milhões de alunos e alunas cantaram os "parabéns a você" exatamente às 8 horas (7 horas em Portugal continental) e em muitas empresas a cena repetiu-se no início do dia de trabalho.
Na aldeia de Qunu, onde o símbolo maior da luta "antiapartheid" reside há vários meses, bem como em povoações próximas, este foi um dia de grande atividade, com várias personalidades a baterem à porta da família Mandela, para desejar um aniversário feliz a Nelson Mandela, ou a participarem em trabalho comunitário na zona que viu nascer o líder há precisamente 94 anos.
Entre milhões de mensagens recebidas pela Fundação Mandela, por ocasião do 94.º aniversário do ex-presidente, destaca-se o tributo do presidente norte-americano Barack Obama e da mulher, Michelle, no qual o casal salienta a "vontade de ferro" e "humildade sem limites" do aniversariante.
"A extraordinária vida de Mandela e o seu inflexível empenho nos princípios da democracia e reconciliação continuam a constituir um farol para os povos de todas as origens, que anseiam pela dignidade, justiça e liberdade", refere a mensagem do casal Obama, que recorda a graciosidade, sabedoria e generosidade de espírito do ex-presidente sul-africano que tanto os marcou durante os encontros que mantiveram.
"Que não restem dúvidas de que Mandela mudou o seu país, África e o mundo para melhor", conclui a mensagem do presidente dos EUA.