Um ensaio clínico no Brasil demonstrou que um antidepressivo, quando usado o mais cedo possível após o diagnóstico de covid-19, reduz a necessidade de hospitalização em doentes de alto risco.
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O ensaio, publicado na revista "The Lancet", envolveu cerca de 1500 pacientes infetados com covid-19 e mostrou que aqueles que tomaram o antidepressivo fluvoxamina tinham menos probabilidade de evoluir para doença grave e de necessitar de hospitalização.
O medicamento é um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (SSRI) frequentemente utilizado para tratar transtornos obsessivos compulsivos e depressão.
"A fluvoxamina pode reduzir a produção de moléculas inflamatórias chamadas citocinas que podem ser desencadeadas pela infeção pelo SRA-CoV-2", disse Angela Reiersen, investigadora envolvida no estudo e mencionada pela "CNN". O fármaco consegue também reduzir as plaquetas sanguíneas, o que pode afetar os efeitos de coagulação provocados pelo coronavírus.
Cerca de 741 voluntários com covid-19 receberam 100 mg de fluvoxamina duas vezes por dia durante dez dias, enquanto outros 756 voluntários receberam placebo. Entre os doentes que receberam fluvoxamina, 79 - cerca de 11% - necessitaram de tratamento hospitalar em comparação com os quase 16% dos que receberam placebos. Assim comprovou-se uma diminuição de 5% no risco absoluto e uma diminuição de 32% no risco relativo.
No entanto é ainda necessário mais investigações para perceber se o medicamento pode ser adicionado aos tratamentos dados aos doentes com covid-19.
"Dada a segurança da fluvoxamina, tolerabilidade, facilidade de utilização, baixo custo e disponibilidade generalizada, estas descobertas podem influenciar as diretrizes nacionais e internacionais sobre a gestão clínica da covid-19", concluíram os investigadores.