A IBM anunciou, na quinta-feira, que suspendeu a publicidade na rede social X, antigo Twitter, depois de um relatório ter revelado que os seus anúncios estavam a ser colocados ao lado de conteúdo que promovia Adolf Hitler e o Partido Nazi.
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“A IBM tem tolerância zero com discurso de ódio e discriminação e suspendemos imediatamente toda a publicidade no X enquanto investigamos esta situação totalmente inaceitável”, afirmou a empresa, num comunicado citado pelo "The Washington Post".
O anúncio surge depois de a agência de monitorização de média Media Matters ter descoberto que anúncios da IBM, Apple, Oracle e Xfinity estavam a ser colocados ao lado de conteúdo antissemita.
Por sua vez, o X explicou que sistema não coloca intencionalmente as marcas “ao lado desse tipo de conteúdo” e acrescentou que esse conteúdo não ganharia dinheiro pelas suas publicações.
Na quinta-feira à noite, um grupo de 164 líderes judeus apelou aos grandes anunciantes, incluindo Disney e Amazon, para pararem de “financiar o X através dos seus gastos com publicidade” e apelou à Apple e ao Google para o remover das suas lojas de aplicações. “Nada disto é surpreendente: Musk tem espalhado o antissemitismo há anos”, escreveram os líderes religiosos. “O que é surpreendente é quantas empresas e líderes de tecnologia ainda estão dispostos a fazer negócios com ele".
Musk concorda com teoria antissemitista
Um dia antes, na quarta-feira, Elon Musk, dono do X, respondeu a um utilizador, que disse que aumento do antissemitismo online era culpa dos judeus por apoiarem “hordas de minorias” e promoverem “ódio contra os brancos”. "Disseste a verdade", respondeu Musk, amplificando a publicação na rede social.
O dono do X criticou ainda a Liga Anti-Difamação, uma organização sem fins lucrativos que combate o antissemitismo e o extremismo, dizendo que “ataca injustamente a maioria do Ocidente” por ódio antijudaico em vez "dos grupos minoritários que são a principal ameaça".
Esta sexta-feira, a Casa Branca acusou o empresário Elon Musk de ter feito uma "promoção abjeta do ódio antissemita e racista". Para a Casa Branca, a publicação apenas repete uma teoria da conspiração popular entre os nacionalistas brancos, segundo a qual os judeus têm um plano secreto para encorajar a imigração ilegal para os países ocidentais, a fim de minar a maioria branca naqueles países.
Esta teoria da conspiração foi aproveitada pelo autor do ataque a uma sinagoga na cidade norte-americana de Pittsburgh em 2018, que provocou 11 mortes.
"É inaceitável repetir a mentira hedionda que levou ao ato mais mortal de antissemitismo da história americana", argumentou Andrew Bates, porta-voz da Casa Branca, num comunicado, referindo-se a esse ataque.