Europeus pediram, esta sexta-feira, reatar das negociações sobre programa nuclear após reunião em Genebra. Iranianos querem responsabilização de israelitas, que rejeitam que Teerão seja “vítima”.
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Após uma semana desde que Israel atacou o Irão e Teerão retaliou Telavive, as discussões diplomáticas marcaram esta sexta-feira. Em Genebra, chefes da diplomacia europeus reuniram-se com o homólogo iraniano e pediram o regresso do diálogo. Em Nova Iorque, o Conselho de Segurança discutiu a situação no Médio Oriente.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão esteve reunido por três horas com os chefes da diplomacia da União Europeia, da Alemanha, da França, do Reino Unido e, ao sair do encontro, frisou que “está pronto para considerar a diplomacia mais uma vez – assim que a agressão for interrompida e o agressor for responsabilizado pelos crimes cometidos”.
“O programa nuclear do Irão é pacífico e sempre esteve sob salvaguardas e monitorização da Agência Internacional de Energia Atómica. Portanto, os ataques armados contra instalações nucleares protegidas por um regime que não faz parte de qualquer tratado sobre armas de destruição maciça constituem um crime grave e uma violação do Direito Internacional”, disse Abbas Araqchi, que frisou que não discutirá as capacidades defensivas de Teerão.
Os europeus mostraram-se otimistas quanto a uma solução negociada, com o britânico David Lammy a salientar, todavia, que “o Irão não pode ter uma arma nuclear”. O francês Jean-Noël Barrot saudou Araqchi pela “vontade de continuar estas discussões sobre o programa nuclear e, de um modo mais amplo, sobre todas as questões”.
No Conselho de Segurança, as discussões foram acaloradas. O embaixador iraniano na ONU alertou, que “se o regime de não proliferação entrar em colapso, este Conselho partilhará a responsabilidade com o regime israelita”. “Como ousa?”, indagou o homólogo hebraico, que disse que o oficial de Teerão “não é uma vítima” e “nem sequer um diplomata”, mas um “lobo”.
Várias nações continuaram hoje a retirar pessoal das representações diplomáticas em Teerão, enquanto os voos de repatriamento de nacionais que estavam em ambos os países prosseguem. O Governo espanhol anunciou a retirada de 199 pessoas de Israel, incluindo portugueses, através da Jordânia.
As forças israelitas afirmaram que esta é a “mais complexa campanha” do país e que será uma guerra “prolongada”. Telavive e Teerão continuaram a trocar bombardeamentos.