Horas após declarar-se inocente das 37 acusações de desvio de documentos classificados, em Miami, Donald Trump participou numa angariação de fundos de campanha e discursou em frente a uma multidão de financiadores e apoiantes, em Nova Jérsia. O ex-presidente dos EUA afirmou que as acusações contra si eram uma "perseguição política" e "corrupta" do atual chefe de Estado e acusou, sem apresentar provas, Joe Biden de instrumentalizar as imputações por incitamento político.
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Diante de uma multidão de apoiantes que se juntaram em frente ao seu clube de golfe, o Trump National Golf Club, o ex-presidente, judicialmente indiciado e investigado por interferência eleitoral, declarou que Biden "será para sempre lembrado" como "o presidente mais corrupto da história do país" e que, com "bandidos, desajustados e os marxistas mais próximos, tentou destruir a democracia" dos EUA.
A multidão de apoiantes ainda cantou os "parabéns" ao ex-presidente, que completou 77 anos, nesta quarta-feira. Durante o evento, a campanha de Donald Trump arrecadou quase dois milhões de euros em apoios, de acordo com o portal "Politico".
O antigo vice-presidente no Governo de Trump, e também candidato nas primárias presidenciais do Partido Republicano, Mike Pence, declarou, nesta quarta-feira, em entrevista, que se tratam de "acusações muito sérias" e que, após "anos de politização, é difícil acreditar que a política não teve algum papel nessa decisão". Com o apoio leal da base republicana, o antigo presidente colocou os seus principais concorrentes para 2024 numa posição difícil, entre apoiá-lo ou arriscar alienar os principais eleitores.
A Fox News foi a única rede noticiosa norte-americana a transmitir em direto o discurso de Trump, durante a madrugada da quarta-feira. Porém, no final da intervenção, o canal dividiu o ecrã com uma conferência de imprensa de Biden, enquanto no oráculo se lia "aspirante a ditador fala na Casa Branca após ter o seu rival político preso". Um porta-voz da emissora respondeu ao "The Washington Post" que o oráculo "foi retirado imediatamente" e que o caso foi abordado, sem fornecer mais pormenores.
DEMOCRATAS EM SILÊNCIO
Enquanto os senadores republicanos se esforçam por defender Donald Trump das arguições federais, o atual presidente, Joe Biden, citado pelo "The Guardian", recusou-se a comentar publicamente as acusações que o seu antecessor enfrenta e instruiu os funcionários da Casa Branca e o Partido Democrata a não comentar o tema.
O "Politico" refere, entretanto, que alguns deputados democratas - nenhum dos quais permitiu que o nome fosse revelado - acreditam que a estratégia foi uma oportunidade perdida de categorizar Donald Trump como imprudente e de aumentar as hipóteses de reeleição de Biden.