
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman
Foto: Nathan Howard/EPA
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, afirmou, esta terça-feira, em Washington que pretende aderir aos Acordos de Abraão e normalizar as relações com Israel, mas impõe como condição um caminho claro para a criação do Estado palestiniano.
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"Isto é algo positivo e queremos fazer parte da iniciativa", disse aos jornalistas o príncipe saudita na Sala Oval da Casa Branca, no início de uma reunião com o presidente norte-americano, Donald Trump, aludindo aos Acordos de Abraão, promovidos por Washington com vista à normalização das relações de Israel com o mundo árabe.
Mohammed bin Salman ressalvou porém que a aproximação a Telavive tem de ser acompanhada por garantias de que "o caminho claro para uma solução de dois Estados não é obscurecido", numa referência a Israel e Palestina lado a lado como saída para o conflito israelo-palestiniano. "Queremos a paz para os israelitas. Queremos a paz para os palestinianos. Queremos que coexistam pacificamente na região", acrescentou.
O líder norte-americano afirmou, por sua vez, que já tinha discutido o assunto com o príncipe herdeiro várias vezes e que a conversa sobre os acordos em particular segue num bom sentido. "Acho que ele não quer usar a palavra compromisso, mas temos uma conversa muito boa sobre os Acordos de Abraão. Estamos a falar de um Estado, de dois Estados. Estamos a falar de muitas coisas", disse Trump de modo evasivo.
O líder da Casa Branca pretende garantir o apoio de Riade para os Acordos de Abraão, que promoveu no seu primeiro mandato (2017-21) e que é uma das prioridades anunciadas para o diálogo de hoje com o príncipe saudita.
A anterior administração norte-americana, do democrata Joe Biden (2021-2025), tentou convencer os sauditas a aderir ao plano, mas os seus esforços foram frustrados pelos ataques dos islamitas palestinianos do Hamas em 2023 contra Israel, que deram início à guerra na Faixa de Gaza, com implicações em todo o Médio Oriente.
A Arábia Saudita reiterou que não estabelecerá relações com Israel enquanto não existir um caminho credível e irreversível para a criação do Estado Palestiniano.
A administração de Donald Trump procura entretanto persuadir Riade de que o seu plano para o conflito na Faixa de Gaza e o atual cessar-fogo, em vigor no território desde 10 de outubro, representam o primeiro passo nesse sentido, mas Israel já deixou claro que não permitirá a criação do Estado Palestiniano.
A receção ao líder saudita foi acompanhada de altas honras reservadas para visitas de Estado.
É a sua primeira deslocação aos Estados Unidos desde 2018, ano do assassínio do jornalista e dissidente saudita Jamal Khashoggi, pelo qual Washington responsabilizou bin Salman na altura.
