Argélia expulsa mais 15 funcionários diplomáticos franceses e Paris vai responder
A Argélia convocou, no domingo, o encarregado de negócios da embaixada de França em Argel para o notificar de novas expulsões de funcionários públicos franceses do território argelino, enquanto Paris já prometeu responder proporcionalmente.
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Segundo fontes diplomáticas francesas, citadas pela agência de notícias France-Presse (AFP), os funcionários em causa encontram-se em missão de reforço temporário.
As fontes não avançaram nem o número de funcionários nem a data em que as expulsões terão efeito.
Até ao momento, o Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino não emitiu qualquer comunicado a oficializar este pedido, anunciado num despacho da Agência Argelina de Imprensa (APS).
De acordo com a agência, a Argélia exige o "repatriamento imediato" de todos os funcionários franceses nomeados em "condições irregulares".
"Esta convocação do diplomata francês foi feita depois de se ter constatado que a parte francesa não respeitou, de forma flagrante e repetida, os procedimentos previstos para a afetação do pessoal das representações diplomáticas e consulares francesas na Argélia", refere a APS.
"De facto, nos últimos tempos, os serviços argelinos competentes constataram a afetação de nada menos do que 15 agentes franceses para o desempenho de funções diplomáticas ou consulares, sem que estas afetações tenham sido objeto de uma notificação oficial prévia ou de pedidos de acreditação adequados, tal como exigido pelos procedimentos em vigor", acrescentaram.
As autoridades argelinas informaram igualmente que o processo de acreditação de dois cônsules-gerais argelinos nomeados em Paris e em Marselha se encontra bloqueado, tal como os processos de acreditação de sete outros cônsules, que aguardam a sua conclusão há mais de cinco meses.
Como resposta, em Paris, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, frisou que a França vai responder imediatamente, “com firmeza” e “de forma proporcional” ao que chamou decisão incompreensível da Argélia de expulsar outros funcionários públicos franceses do território argelino.
“Trata-se de uma decisão incompreensível e brutal”, reagiu Jean-Noël Barrot durante uma conferência de imprensa em Pont-L'Evêque (oeste de França).
"A partida de pessoal em missão temporária é injustificada e injustificável. E, tal como fiz no mês passado, responderemos imediatamente, com firmeza e de forma proporcional a este ataque aos nossos interesses. [...] Lamento esta decisão, porque não é do interesse da Argélia nem do interesse da França", acrescentou.
Em meados de abril, as autoridades argelinas já tinham declarado ‘persona non grata’ 12 funcionários franceses do Ministério do Interior, obrigando-os a abandonar a Argélia no prazo de 48 horas.
Argel argumentou que tal se devia à prisão em França, e subsequente detenção, de um funcionário consular argelino.
A França retaliou decidindo também expulsar 12 agentes consulares argelinos e chamando o embaixador francês na Argélia, Stéphane Romatet, para consultas.