A Nova Zelândia adotou uma estratégia de desconfinamento que passa por alargar o contacto com os mais próximos dentro da mesma comunidade, privilegiando sempre o distanciamento. As "bolhas sociais" são um antídoto para a dor da saudade de afetos.
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À medida que se abrandam restrições, se mudam políticas de contacto, se abrem negócios, em que as fábricas voltam à produção, as pessoas tendem a voltar para os braços umas das outras.
A Nova Zelândia promove um conceito para esses passos de formiga do chamado desconfinamento, as "bolhas sociais". Consistem no reatar de ligações com os mais próximos - a família e a comunidade.
Na segunda-feira, dia 4 de maio, o país não registou qualquer novo caso de infeção do novo coronavírus e os números animadores são o que estão a permitir um alívio de restrições, nomeadamente no que diz respeito aos contactos sociais.
O governo liderado por Jacinda Ardern foi rápido a fechar fronteiras a todos os estrangeiros e só deixou entrar os neozelandeses que estavam fora do país quando a pandemia estalou. Criou uma resposta relativa a um nível quatro de alerta, que foi entretanto revista e se encontra no nível três.
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Desde o início da pandemia que o conceito de "bolha" foi divulgado, primeiro para quem estava sozinho em casa, mas podia visitar quem também estivesse isolado, o que permitiu aos mais idosos continuarem com alguns contactos, agora, e de uma forma mais abrangente aplica-se a contactos sociais de proximidade: a família ou pessoas que vivam na mesma cidade. Não pode é haver saídas para fora dessa bolha de proteção coletiva.
Se a primeira bolha era a própria casa, agora muitos usam o alívio das medidas para deixar entrar familiares, namorados, vizinhos no seu espaço.
Um estudo da Universidade de Oxford debruçou-se sobre o impacto do corte de relações pessoais durante a crise sanitária em curso e concluiu que apesar de as medidas de distanciamento claramente "achatarem a curva" de infeções, "a possibilidade de permitir algum contacto social", mantendo os riscos baixos, pode "mitigar as consequências adversas do isolamento social".
Um dos autores da investigação afirmou à "BBC" que há "uma enorme diferença entre encontrar-se com algumas pessoas ou ficar sozinho em casa". Sobretudo para aquelas que são "psicologicamente vulneráveis, ou que estão numa situação insegura, ou que precisam de contacto físico para o seu bem-estar mental", considerou Per Block.
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No caso do Governo neozelandês a recomendação é para que as pessoas ampliem um pouco a sua bolha, de forma a "incluir pessoas como parentes próximos, cuidadores ou alguém que precise de cuidados", mantendo a sua bolha "ao nível local, pequena e exclusiva".
Uma estratégia entre o agora e o "não se sabe quanto tempo depois" que também está a ser considerada noutros países, como por exemplo, Inglaterra. Os responsáveis britânicos estão a estudar a mudança da política do "Fica em Casa" para o retomar o contacto através de "bolhas", de até 10 pessoas próximas, grupos que mantêm distância para os demais.
Por cá, o plano de desconfinamento aprovado pelo Conselho de Ministros a 30 de abril também proíbe "eventos ou ajuntamentos com mais de 10 pessoas".