Famosos do cinema e da música estiveram próximos do presidente da Rússia no passado recente. Invasão da Ucrânia causa embaraços, mas há quem reitere o apoio ao líder russo
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Nomes consagrados como Angelina Jolie, Sean Penn e Mark Ruffalo já manifestaram publicamente o apoio à Ucrânia, mas não faltam exemplos de estrelas de Hollywood que andaram em volta de Putin, num passado não muito longínquo e que ainda não vieram a público criticar a invasão em curso.
Em 2010, Vladimir Putin cantou a célebre música "Blueberry Hill", num evento beneficente infantil, que decorreu em São Petersburgo. Em redor, celebridades como Sharon Stone, Kevin Costner, Kurt Russel, Goldie Hawn, Gérard Depardieu, Vincent Cassel e Monica Bellucci, fartaram-se de bater palmas ao líder russo.
Doze anos depois, sabendo o que sabem hoje, alguns destes famosos podem considerar-se arrependidos, mas não foram os únicos a aproximarem-se de Putin. Samuel Aroutiounian, um norte-americano influente em Hollywood, fez a "ponte". A Rússia era então um mercado emergente de filmes e estava no circuito das festas de celebridades.
A necessidade de Putin granjear legitimidade internacional enquanto atacava alvos estratégicos como a Chechénia ou Crimeia abria espaço às operações de charme com grandes estrelas do cinema e da música.
Paralelamente, o líder russo concedia importantes benefícios a estrelas como Gérard Depardieu, que assumiu a cidadania russa em 2013, tirando partido de uma menor carga fiscal, em comparação com a francesa. No entanto, citado há dias pelo jornal "Le Figaro", manifestou-se contra a invasão da Ucrânia. "Parem as armas! A Rússia e a Ucrânia sempre foram países irmãos. Eu sou contra esta guerra fratícida", realçou.
Uma situação semelhante viveu Steven Seagal, ator, cineasta e mestre de artes marciais norte-americano, a quem também foi concedida a cidadania russa (2016). Ele que, curiosamente, já tinha feito documentários sobre outros líderes políticos como Fidel Castro e Hugo Chávez, assumiu particular preponderância em 2018, tornando-se enviado especial do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, responsável pela promoção de laços humanitários entre a Rússia e os Estados Unidos.
Oliver Stone, norte-americano que ficou conhecido por filmes como "Platoon" ou "Nascido a 4 de Julho", também lidou de perto com Vladimir Putin, tendo, em 2015, entrevistado o presidente russo. O diálogo, que nos últimos dias tem sido recuperado em vários canais televisivos, aproximou-os e aquele que é um dos mais críticos da política externa norte-americana veio a público pedir para que, sobretudo nas redes sociais, as pessoas não cedam às campanhas anti-Rússia. "Mais importante é entender toda a dimensão do que está a acontecer e, acima de tudo, pensar com clareza", escreveu, a propósito.
Sylvester Stallone, ator e cineasta americano conhecido pelos papéis em filmes de ação de Hollywood, também tem nacionalidade russa, por influência dos bisavós maternos. Contudo, o popular "Rocky Balboa", talvez por ter lidado mais com o ex-líder soviético Gorbatchov, já se mostrou contra a guerra. "Este pesadelo e tragédia têm de parar", escreveu há dias o agora ator septuagenário, nas redes sociais.