Os partidos portugueses reagiram, ao longo do dia, ao ataque dos EUA, Reino Unido e França, na última madrugada, a alvos estratégicos na Síria.
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PSD apoia "sem ambiguidade" iniciativa dos aliados mas pede prudência
O PSD manifestou apoio, "sem ambiguidade", ao ataque a alvos associados à produção e armazenamento de armas químicas na Síria, mas defendeu "a maior prudência", para evitar uma escalada de violência na região.
"O PSD apoia sem ambiguidade a iniciativa (...), que vai no sentido de deixar claro que o uso de armas químicas é uma linha vermelha que não pode ser ultrapassada sem uma resposta que dissuada o Estado infrator de repetir esse tipo de prática", lê-se no comunicado assinado por Tiago Moreira de Sá, presidente da Comissão de Relações Internacionais do PSD.
Sublinhando condenar "veementemente os ataques químicos contra civis", o PSD referiu entender que "esta solução política só podia ser desencadeada por uma ação assertiva e determinada de Estados que, como Portugal, respeitam as normas, regras, leis e instituições da ordem internacional".
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Jerónimo de Sousa condena ataque e defende que Portugal se "demarque"
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, condenou hoje a ofensiva à Síria, defendendo que Portugal se "demarque" dos ataques e que não acompanhe a "escalada belicista", apostando numa política de "desarmamento, cooperação e paz".
"Repudiando a posição seguidista do Governo português em relação à agressão à Síria, o PCP considera que é obrigação do Estado português, do Governo e demais órgãos de soberania, dando cumprimento ao espírito e letra da Constituição da República Portuguesa, não só não acompanhar a demencial escalada belicista como demarcar-se claramente dela e defender uma política de desarmamento, cooperação e paz", sublinhou Jerónimo de Sousa durante a X Assembleia da Organização Regional de Leiria do PCP.
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Defendendo uma ação urgente para que "cesse o derramamento de sangue", o líder do PCP lembrou que "os EUA, acompanhados pela Grã-Bretanha e pela França, com o apoio ou aval da NATO, da União Europeia e Israel, desencadearam uma operação de agressão militar contra a Síria".
"Condenando com a maior firmeza esta agressão, o PCP considera urgente agir para que cesse o derramamento de sangue imposto pela brutal agressão imperialista contra este país soberano e para impedir ulteriores desenvolvimentos bélicos de ainda maiores e mais trágicas consequências", salientou.
CDS-PP compreende ataque mas está preocupado com "escalada de violência"
O porta-voz do CDS-PP, João Almeida, disse hoje que o partido compreende os ataques desta madrugada a alvos associados à produção de armas químicas na Síria, mas manifestou preocupação com a escalada de violência no país.
João Almeida defendeu que deve ser encontrada uma solução no quadro das Nações Unidas.
"Estamos preocupados com a escalada de violência e condenamos a utilização de armas químicas e, tal como já disse o Presidente da República, compreendemos a posição e a intervenção dos aliados e consideramos que é desejável que, no quadro das Nações Unidas, seja encontrada uma solução o mais rapidamente possível", disse João Almeida à agência Lusa.
Catarina Martins compara ataque com "guerra da mentira do Iraque"
A coordenadora do BE comparou a mais recente investida bélica de EUA, Reino Unido e França na Síria à "guerra da mentira do Iraque", apelando à comunidade internacional para condenar aqueles atos, considerando-os sem legitimidade.
"Quando nos dizem que foi um ataque para proteger as populações, é mentira. É preciso dizê-lo com todas as letras: é mentira. Tudo do que (Donald) Trump, (Theresa) May e (Emanuele) Macron querem é a escalada da guerra. Qualquer legitimidade da comunidade internacional a este ataque é um enorme erro. É bom lembrarmo-nos da guerra sob falsos pretextos ao Iraque e suas consequências", afirmou.
A dirigente bloquista, que falava durante uma conferência nacional sobre o Serviço Nacional de Saúde, em Lisboa, recordou que o ataque ocorreu na véspera da entrada naquele território de uma missão de investigação das Nações Unidas para averiguar a existência de armas químicas.
"Qualquer tentativa de legitimação deste ataque é também ser cúmplice de um crime de guerra. Para o BE, é essencial que se condene o ataque desta noite, a escalada de violência, que se aprenda com o que foi a guerra da mentira do Iraque e, sejamos justos, todos nós sabemos que não se protege nenhum povo fazendo chover bombas sobre a sua cabeça", vincou.