Albert Uderzo, co-criador de Astérix, actualmente com 87 anos, abandonou a sua reforma por algumas horas para homenagear as vítimas do ataque ao jornal satírico "Charlie Hebdo" na passada quarta-feira.
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Na primeira imagem divulgada, Astérix e Obélix, de capacete numa das mãos, curvam-se contristados e o pequeno guerreiro gaulês prepara-se para depositar no solo uma rosa. Ao seu lado, o pequeno Ideiafix vira as costas à cena.
No segundo desenho, divulgado esta sexta-feira, é um Astérix colérico que grita "Moi aussi, je suis un Charlie" ("Eu também sou um Charlie"), enquanto soca um adversário de que apenas se veem os pés no topo da imagem e os chinelos orientais, de bico curvado, no chão, numa emulação das cenas típicas dos combates com os romanos.
"O céu cai-lhe em cima da cabeça", em 2005, foi o último álbum desenhado por Uderzo, devido ao agravamento de um antigo problema na mão direita.
Festival de Angoulême cria prémio Charlie
Entretanto, o Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, o mais importante do velho continente, anunciou que a sua 42.ª edição, que terá lugar entre 29 de janeiro a 1 de fevereiro, homenageará as vítimas dos atentados.
A mais significativa é a criação do "Prémio Charlie", que distinguirá um desenhador de imprensa ou um autor de BD que não possa desenvolver a sua atividade em liberdade.
A fachada da câmara local vai ostentar o nome das pessoas que perderam a vida no ataque ao Charlie Hebdo e vai ser apresentada uma exposição de capas do jornal.
O programa, ainda não fechado, vai incluir uma mesa redonda sobre liberdade de expressão e um concerto de desenhos em parceria com a associação Cartooning for Peace.
Foi divulgado um desenho em que a mascote oficial do festival ostenta um cartaz onde se lê a frase que se tornou emblemática nos últimos dias: "Je suis Charlie".
Wolinski, um dos autores assassinados, tinha sido distinguido com o Grande Prémio do festival de Angoulême em 2005, pelo conjunto da sua obra.