Washington e Jerusalém falam de "vitória histórica" após ataque dos EUA contra instalações nucleares iranianas, mas um relatório dos serviços de informação norte-americanos conclui que apenas atrasou o seu programa nuclear em "alguns meses". Donald Trump anunciou cessar-fogo, saudado pela comunidade internacional.
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Centenas de simpatizantes do grupo xiita Hezbollah concentraram-se, esta quarta-feira, frente à embaixada iraniana na capital libanesa, para celebrar o que consideram uma "vitória" do Irão sobre Israel na guerra agora ocorrida.
Os principais funcionários da administração Trump informaram quinta-feira os legisladores sobre a decisão do presidente de bombardear instalações nucleares iranianas, enquanto foram questionados sobre a eficácia do ataque e um potencial envolvimento militar da América no Médio Oriente.
O diretor da CIA, John Ratcliffe, o secretário de Estado Marco Rubio, o secretário da Defesa Pete Hegseth e o general Dan Caine, presidente do Estado-Maior Conjunto, estiveram presentes no briefing confidencial aos senadores, inicialmente previsto para terça-feira.
Os republicanos que saíram do briefing afirmaram que era evidente que o programa nuclear do Irão tinha sofrido um retrocesso significativo, enquanto alguns democratas manifestaram ceticismo quanto à extensão dos danos.
"Sem qualquer informação confidencial, penso que é seguro dizer que desferimos um grande golpe, juntamente com os nossos amigos em Israel, contra o programa nuclear do Irão", adiantou o senador republicano Tom Cotton.
Já o senador Chris Murphy, democrata, saiu do briefing afirmando que "ainda há uma capacidade significativa remanescente".
O Irão afirmou que ainda não existe qualquer “plano” para retomar as negociações nucleares com os Estados Unidos, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado conversações “na próxima semana”.
"A especulação sobre o reinício das negociações não deve ser levada a sério. Gostaria de deixar claro que não foi alcançado nenhum acordo ou convénio para iniciar novas negociações. Ainda não há nenhum plano para iniciar as negociações", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, à televisão estatal.
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, considerou “significativos” os danos causados às instalações nucleares do seu país pela guerra de 12 dias com Israel, afirmando que Teerão tinha começado a avaliar o impacto do conflito.
A presidência norte-americana defendeu hoje que as declarações do líder supremo do Irão têm como objetivo "salvar a face", depois de Ali Khamenei desvalorizar o impacto dos bombardeamentos dos Estados Unidos no programa nuclear iraniano.
"Vimos o vídeo do ‘ayatollah’ [Khamenei], e quando se tem um regime totalitário, é preciso salvar a face", declarou aos jornalistas a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, dois dias após a entrada em vigor de um cessar-fogo anunciado pelo líder norte-americano, Donald Trump, que interrompeu quase duas semanas de ataques cruzados de Israel e Irão.
O presidente russo garantiu hoje que “a situação no Médio Oriente está a acalmar” e que, brevemente, conflitos como o israelo-iraniano serão “coisa do passado”, pretendendo aprofundar as relações comerciais com todos os atores da região.
“A situação no Médio Oriente está a acalmar. O conflito entre Israel e o Irão também, graças a Deus, será considerado coisa do passado”, afirmou Vladimir Putin, durante a sua intervenção na quarta edição do Fórum Económico Euro-Asiático (FEE), que decorre hoje e sexta-feira em Minsk, capital da Bielorrússia, segundo a agência de notícias russa TASS.
“Tal significa que será possível desenvolver relações com todos os países da região”, sublinhou o presidente russo, recordando que já em maio entrou em vigor um acordo de comércio livre com o Irão e que, nessa linha, está apostado em “cooperar com todos os parceiros estrangeiros interessados”.
O primeiro-ministro israelita previu, esta quinta-feira, uma oportunidade de “expansão drástica dos acordos de paz" do país, depois do cessar-fogo, na terça-feira, no conflito com o Irão. "Lutámos resolutamente contra o Irão e alcançámos uma grande vitória. Esta vitória abre caminho para uma expansão drástica dos acordos de paz", defendeu Benjamin Netanyahu num vídeo divulgado pelo seu gabinete.
Em 2020, os Acordos de Abraham, patrocinados pelo presidente norte-americano, Donald Trump, durante o primeiro mandato na Casa Branca, levaram à normalização das relações entre Israel e três países árabes: Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos.
O líder dos rebeldes Huthis do Iémen, Abdul-Malik al-Huthi, felicitou, esta quinta-feira, o Irão pela “grande vitória” sobre Israel, que considerou um triunfo para toda a “nação islâmica”, os países do Médio Oriente e o povo palestiniano.
“É uma vitória significativa, que realmente serve aos interesses de toda a nação islâmica e a causa palestiniana”, afirmou Al-Huthi no seu habitual discurso transmitido pela televisão, no qual fez um balanço do cessar-fogo entre Israel e o Irão, decretado na segunda-feira passada após 12 dias de guerra.
“A derrota sofrida pelo inimigo israelita, juntamente com os seus aliados criminosos — liderados pelos americanos, juntamente com os britânicos, alemães e franceses — é uma vitória para toda a nação islâmica, para todos os povos da região, para o povo palestiniano e para a causa palestiniana”, insistiu o líder do grupo pró-iraniano.
Para Al-Huthi, “a magnitude desta derrota torna-se evidente quando se comparam os objetivos com o que acabou por acontecer”.
O Pentágono apresentou, esta quinta-feira, novos pormenores sobre os bombardeamentos a três instalações nucleares iranianas, uma operação descrita como o culminar de 15 anos de preparativos para destruir as capacidades atómicas do Irão.
Na operação “Midnight Hammer”, participaram cerca de 125 aviões, entre os quais bombardeiros B-2 que lançaram bombas antibunker de 13.600 quilos sobre duas unidades iranianas de enriquecimento de urânio consideradas essenciais, Fordo e Natanz, ao passo que um submarino disparou mísseis Tomahawk sobre a central nuclear de Isfahan, indicou o chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, o general Dan Caine.
Num relato das cerca de 36 horas de duração da operação, o general Dan Caine disse que esta foi “o culminar de mais de 15 anos de desenvolvimento e testes” para conseguir penetrar em instalações como Fordo, várias dezenas de metros abaixo do solo. Segundo Caine, vários militares norte-americanos “comiam, respiravam e sonhavam” com os preparativos para aquele momento.
“Nesta missão havia pilotos homens e mulheres”, precisou o general, acrescentando que um dos militares participantes a comparou à “Super Bowl” (jogo final do campeonato da principal liga de futebol americano dos Estados Unidos), devido à envergadura e que, de acordo com os testemunhos dos pilotos, a explosão em Fordo “foi a mais brilhante que já viram”.
O chefe do Estado-Maior Conjunto mostrou um vídeo sobre a capacidade das bombas "antibunker" lançadas sobre as instalações iranianas e disse que, durante o desenvolvimento, os cientistas militares foram “os maiores utilizadores de horas de supercomputador nos Estados Unidos”. “Cada arma tinha um impacto, ângulo, alcance, trajetória final e configuração de espoleta únicos. A espoleta é, na verdade, o que indica à bomba quando deve ser ativada. Quanto maior for o atraso na espoleta, maior será a penetração da arma e o impacto no alvo”, explicou.
O general indicou que decidiram apontar a dois poços de ventilação em Fordo que os iranianos tentaram cobrir com betão “para tentar impedir um ataque”, e garantiu que os planos norte-americanos tiveram em conta as dimensões das coberturas, que foram penetradas, deixando à vista uma abertura para a unidade de produção nuclear. “Ao contrário de uma bomba de superfície normal, não se verá uma cratera de impacto, porque são concebidas para se enterrarem profundamente e depois funcionarem. Sei que houve muitas perguntas a este respeito. As seis armas em cada conduta de ventilação de Fordo funcionaram exatamente onde deviam”, insistiu.
Caine também afirmou que o comando militar “não avalia o seu próprio trabalho”, perante perguntas sobre um relatório preliminar dos serviços secretos que limitou a seis meses o atraso causado pelo ataque norte-americano na capacidade do Irão para desenvolver armas nucleares. “Isso é o que faz a comunidade dos serviços secretos”, comentou.
Quase 15.500 israelitas continuam sem poder regressar a casa de onde foram retirados devido aos ataques iranianos que terminaram com o cessar-fogo de terça-feira, avançou hoje o porta-voz do Governo israelita.
“Quero comunicar que iniciámos a reconstrução em Israel e vamos prestar ajuda financeira” àqueles que foram mandados sair de casas, disse David Mencer, numa conferência de imprensa virtual.
O porta-voz acrescentou que, durante a chamada “Guerra dos 12 Dias” entre Israel e o Irão, o regime dos "ayatollahs" lançou mais de 500 mísseis balísticos contra território israelita, mas garantiu que 90% foram intercetados.
“Tivemos de pagar um preço elevado, sabemos disso. Eles atacaram os nossos civis, enquanto nós atacámos apenas alvos militares, nucleares e do regime iraniano”, adiantou.
No entanto, no Irão, hospitais, edifícios residenciais, a prisão de Evin, onde são frequentemente mantidos dissidentes, e os estúdios da Corporação Pública de Radiodifusão do Irão (IRIB) também foram atacados.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse hoje que "nada foi retirado" das instalações nucleares iranianas antes dos ataques norte-americanos, depois de o seu Governo ter refutado a hipótese de o Irão ter transferido urânio enriquecido.
"Nada foi removido das instalações. Levaria muito tempo, seria muito perigoso, muito pesado e difícil de mover!" escreveu Trump numa mensagem publicada na rede Truth Social.
O presidente norte-americano acrescentou que as viaturas que estavam na proximidade das instalações nucleares que os Estados Unidos bombardearam no passado domingo eram de “trabalhadores que estavam cobrir o cimo dos poços” onde estaria o material radioativo.
A Rússia opõe-se à suspensão por parte do Irão, um aliado de Moscovo no Médio Oriente, da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.
“Queremos que a cooperação entre o Irão e a AIEA continue, queremos que todos respeitem a declaração reiterada do Irão de que este país não possui nem tem qualquer intenção de produzir armas nucleares”, afirmou o ministro russo, em conferência de imprensa.
O Conselho dos Guardiões do Irão aprovou a suspensão da cooperação da República Islâmica com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), faltando apenas a assinatura do presidente do país para entrar em vigor.
O Conselho dos Guardiões, órgão de controlo constitucional composto por seis clérigos especialistas em direito religioso - nomeados pelo Guia Supremo - e seis juristas, aprovou o plano aprovado na quarta-feira pelo parlamento, que pediu ao Governo a suspensão da cooperação com a AIEA.
A agência da ONU declarou na quarta-feira que a sua prioridade agora é voltar a entrar nas instalações de desenvolvimento do programa nuclear iraniano, bombardeadas pelos Estados Unidos no dia 13, no âmbito do conflito de Israel e da suspeita de que Teerão estaria perto de conseguir fabricar uma bomba nuclear.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, manifestou extrema preocupação com a relutância do Irão em retomar as inspeções às instalações nucleares após os ataques de Israel e dos Estados Unidos.
Em entrevista à emissora francesa RFI, Grossi disse que, após o cessar das hostilidades, escreveu ao ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano a dizer-lhe que precisavam de se sentar à mesa e propôs ir imediatamente ao Irão retomar as inspeções, mas não recebeu resposta até à data.
Rafael Grossi salientou que a presença da AIEA "não é um gesto de generosidade", mas antes "uma obrigação legal", uma "responsabilidade internacional" para o Irão enquanto membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear, que estabelece a existência de "um sistema de inspeção".
O diretor-geral da AIEA disse que, antes da guerra, o Irão não cooperava adequadamente. "Encontrámos vestígios de urânio em locais onde não os devíamos ter encontrado, e as suas respostas não foram fiáveis. Houve dissimulação e, de qualquer forma, não houve transparência", afirmou.
Grossi disse que, embora "o Irão tenha material suficiente" para cerca de uma dúzia de bombas atómicas, como o próprio afirmou repetidamente, "o Irão não tinha uma arma nuclear".
Os EUA refutaram na quarta-feira a hipótese de o Irão ter transferido urânio altamente enriquecido antes dos ataques norte-americanos, numa altura em que é questionado o impacto da operação militar no programa nuclear iraniano.
O presidente dos EUA, Donald Trump, criticou meios de comunicação norte-americanos, após a divulgação de um documento confidencial que levantava dúvidas sobre a eficácia dos bombardeamentos dos EUA realizados no domingo, em apoio a Israel, contra os locais estratégicos de Fordo, Natanz e Isfahan.
De acordo com Trump, os ataques no Irão provocaram a destruição total das instalações nucleares visadas.
O presidente norte-americano, Donald Trump, sugeriu, esta quarta-feira, a anulação imediata do processo judicial contra Benjamin Netanyahu em Israel por corrupção, que considerou "uma caça às bruxas" a "um grande herói".
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, não tem poupado elogios ao presidente norte-americano, Donald Trump, durante a cimeira da Aliança Atlântica em Haia, mas inovou, esta quarta-feira, ao referir-se ao republicano como "papá".
Trump e Rutte estavam em frente às câmaras a falar sobre o conflito entre Israel e o Irão. A certa altura, o presidente norte-americano comentou que Israel e o Irão comportavam-se como "duas crianças no recreio da escola". "Deixamo-los lutar durante dois ou três minutos e depois é fácil pará-los", explicou Trump.
Nesse momento, Rutte comentou que "há momentos em que o papá tem de usar uma linguagem mais dura".
O Grok, assistente de inteligência artificial (IA) da startup xAI, de Elon Musk, gerou respostas imprecisas e contraditórias a pedidos de verificação de informação sobre a guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, segundo um estudo.
O Departamento de Defesa (Pentágono) anunciou que abriu uma investigação conjunta com o FBI sobre uma alegada fuga de informação relativa à extensão dos ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irão, no passado fim de semana.
Este anúncio acontece após a publicação de dados que sugerem que os danos causados pelos bombardeamentos podem ser inferiores aos que o presidente norte-americano, Donald Trump, tinha avançado, ao ter afirmado que a capacidade do programa nuclear iraniano tinha sido obliterada.
A investigação em coordenação com a polícia federal (FBI) foi confirmada pela Agência de Informações de Defesa dos Estados Unidos (EUA), que declarou que, neste momento, "não foi possível analisar a situação no terreno e os resultados dos ataques". "Estas análises não são fiáveis porque são preliminares e estão longe de ser definitivas", afirmou a organização. A agência federal admitiu que, quando "todos os dados necessários forem obtidos, as informações adicionais serão redefinidas".
No entanto, o secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, sublinhou que esta informação preliminar pertencia simplesmente ao “canal interno” do Departamento. Hegseth assegurou que o objetivo desta alegada fuga seria "fazer com que o presidente ficasse mal visto quando, na realidade, o que fez foi muito bem-sucedido". "Os danos nestas instalações foram moderados a graves, e acreditamos que é mais provável que sejam graves", acrescentou o secretário de Defesa.
A cooperação do Irão com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) sobre o seu programa nuclear mantém-se "uma obrigação", sublinhou o diretor-geral desta agência da ONU, após o parlamento iraniano votar a suspensão dos contactos. "A cooperação do Irão connosco não é um favor, é uma obrigação legal, desde que o Irão continue a ser signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP)", disse Rafael Grossi à France 2.
Continua por determinar a localização ou possível destruição, na sequência dos ataques norte-americanos e israelitas a instalações nucleares iranianas na última semana, de cerca de 400 kg de urânio altamente enriquecido.
"A agência, a AIEA, perdeu a visibilidade deste material desde o início das hostilidades", admitiu Grossi. "Não gostaria de dar a impressão de que está perdido ou escondido", acrescentou Grossi, reiterando interesse em retomar as atividades no Irão "o mais rapidamente possível".
O Irão reabriu parcialmente o seu espaço aéreo, na metade oriental do país, no segundo dia de um cessar-fogo com Israel, que pôs fim a uma guerra de 12 dias.
"Com o objetivo de devolver gradualmente os voos à normalidade e manter totalmente a segurança e a proteção dos voos, o espaço aéreo na metade oriental do país foi aberto aos voos internacionais em trânsito", destacaram as autoridades iranianas, segundo a agência de notícias oficial IRNA.
Os voos domésticos e internacionais de ou para aeroportos no norte, sul e oeste do país "não serão possíveis até novo aviso", incluindo o Aeroporto Internacional Imam Khomeini (Teerão), informaram as autoridades iranianas.
O tráfego aéreo foi apenas reaberto a "voos domésticos e internacionais com origem ou destino em aeroportos localizados no leste do país".
O chefe do Estado-Maior israelita disse hoje que "comandos terrestres" das suas forças operaram no Irão durante a guerra de 12 dias entre os dois países.
Ao elogiar os sucessos dos soldados israelitas, o tenente-general Eyal Zamir comentou que estes foram alcançados pela "força aérea e comandos terrestres", acrescentando que "estas forças operaram secretamente nas profundezas do território inimigo e deram total liberdade operacional".
Eyal Zamir, que falou num vídeo divulgado pelo Exército israelita, é o primeiro alto comandante a dizer publicamente que os soldados israelitas participaram na guerra no Irão, em pleno território da República Islâmica.
No vídeo, o responsável acrescentou que, embora esta operação tenha terminado, "a campanha ainda não terminou”, pelo que aconselhou vigilância aos inimigos. “Muitos desafios ainda estão para vir”, disse o chefe do Estado-Maior israelita.
Os israelitas voltaram ao trabalho, à escola e às atividades normais diárias, depois do levantamento das restrições impostas pelo exército no segundo dia do cessar-fogo entre Israel e o Irão. Em Telavive, é novamente hora de banhos de sol e de jogos de futebol na praia, com as ruas e os mercados a recuperar a animação. “Finalmente, podemos voltar a viver”, disse à agência de notícias France-Presse Yosi, professora de ioga e mãe de dois filhos.
A metrópole económica e tecnológica, famosa pela vida noturna, foi atingida várias vezes por salvas de mísseis iranianos, com os habitantes a serem obrigados a refugiar-se nos abrigos noite após noite.
No centro da cidade, comerciantes reinstalaram bancas no mercado do Carmel e o aeroporto Ben Gurion, onde os voos comerciais foram retomados, está repleto de gente. Os recém-chegados agitam pequenas bandeiras israelitas, alguns ajoelham-se e beijam a pista.
Mas, para alguns, o alívio é tingido de receios quanto ao futuro. “Queremos festejar, viver, recuperar a nossa despreocupação, [...] Mas quanto tempo isso vai durar? Qual será a próxima guerra?”, questionou Yafit Sofi, de 33 anos, que se encontrava numa esplanada de Telavive na noite de terça-feira. “Tanta gente quer matar-nos, tantos países querem destruir Israel. Não podemos planear nada, já não controlamos realmente as nossas vidas. Os nossos líderes estão em guerra, mas nós somos apenas peões”, lamentou a criadora de moda Noa Karlovsky, em Jaffa, a sul de Telavive.
Após 12 dias de guerra entre Israel e o Irão, o cessar-fogo veio alimentar a esperança de que Israel ponha fim à guerra de mais de 20 meses contra o Hamas palestiniano em Gaza.
O porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baqai, admitiu esta quarta-feira que as instalações nucleares do Irão ficaram "gravemente danificadas" nos bombardeamentos de Israel e dos EUA durante a guerra de 12 dias.
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O primeiro-ministro disse, esta quarta-feira, não existir motivo de preocupação pela presença de aviões reabastecedores dos Estados Unidos na Base das Lajes em altura de tensões no Médio Oriente, referindo que Portugal dará mais esclarecimentos ao Irão se necessário.
As autoridades iranianas prenderam 700 pessoas acusadas de espionagem a favor de Israel durante os 12 dias de guerra entre os dois países, noticiou esta quarta-feira a agência iraniana Fars, ligada à Guarda Revolucionária do Irão.
Esta agência publicou um relatório sobre a onda de detenções, nos últimos dias, de pessoas acusadas de espionagem ou de estarem ligadas aos serviços de espionagem israelitas (Mossad), entre as quais pelo menos dois europeus, e que classifica como “mercenários israelitas”.
“Os mercenários, que operavam principalmente no contexto de redes de espionagem e sabotagem, foram identificados e detidos com base em relatórios públicos e operações dos serviços de informações”, indicou a Fars.
O presidente dos Estados Unidos anunciou hoje uma reunião com os responsáveis de Teerão na próxima semana, sem se comprometer com a possibilidade de um acordo escrito sobre o cessar-fogo com Israel.
Em conferência de imprensa, no final da cimeira da NATO, em Haia, Donald Trump afirmou que na próxima semana vai encontrar-se com responsáveis iranianos para discutir o conflito com Israel e a instabilidade no Médio Oriente, sem se comprometer com um dia.
O chefe de Estado norte-americano rejeitou que o encontro tenha em vista a assinatura de um acordo que mantenha o cessar-fogo com Telavive: "Podemos ou não assinar um acordo, não sei".
"A minha interpretação é que eles já lutaram o que tinham de lutar, a guerra acabou", comentou.
As autoridades iranianas elevaram hoje para 627 o número de mortos nos ataques israelitas, iniciados em 13 de junho, e de feridos para 4870, a maioria na capital, Teerão.
No seu último balanço, o Ministério da Saúde iraniano indicou mais 17 mortes em relação a terça-feira, observando que a maioria das vítimas estava no local dos bombardeamentos, "o que demonstra a destruição" dos ataques.
A organização de defesa dos direitos humanos Hrana, um grupo norte-americano crítico do Governo iraniano, contabilizou por seu lado 1054 mortos, dos quais pelo menos 417 eram civis, e quase 4500 feridos.
As informações sobre o número de mortos e feridos têm sido tratadas com cautela tanto no Irão como em Israel, onde os ataques com mísseis iranianos mataram oficialmente 28 pessoas, quatro das quais no último bombardeamento, que também feriu 13 pessoas, antes da entrada em vigor do cessar-fogo entre as partes, na terça-feira.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reiterou hoje que a central de enriquecimento nuclear iraniana de Fordó foi desativada após o ataque norte-americano, de acordo com uma avaliação da Comissão de Energia Atómica de Israel.
“O devastador ataque norte-americano a Fordó destruiu as infraestruturas críticas do local e tornou a central inutilizável”, disse Netanyahu, em comunicado, citando a organização.
No comunicado, Netanyahu acrescentou que os bombardeamentos das três instalações onde o Irão desenvolvia o seu programa nuclear - Fordó, Natanz e Isfahan -, juntamente com a ofensiva israelita contra outros componentes, acabaram com a capacidade do Irão de desenvolver armas nucleares “durante muitos anos”.
A sua avaliação contradiz um relatório dos serviços de informação dos Estados Unidos, divulgado pelos meios de comunicação social norte-americanos, que sugere que o programa nuclear iraniano apenas foi adiado por alguns meses.
O presidente da Autoridade Palestiniana felicitou hoje Donald Trump pela intervenção no cessar-fogo entre Israel e o Irão, afirmando estar disponível para trabalhar com os Estados Unidos para alcançar um acordo de paz para Gaza.
Mahmud Abbas salientou que o cessar-fogo é "um passo necessário e importante para colocar um fim às crises no mundo", antes de acrescentar que a trégua "terá um impacto positivo na segurança e estabilidade" do Médio Oriente.
Abbas saudou ainda as "posições corajosas" de Trump sobre "a necessidade de interromper a guerra na Faixa de Gaza" e "alcançar um cessar-fogo imediato e permanente". O líder palestiniano manifestou "total disponibilidade para trabalhar em estreita colaboração" com os Estados Unidos e outros países da região para "negociar imediatamente" e "implementar um acordo de paz abrangente".
Abbas sublinhou que este acordo deve incluir "um calendário vinculativo que ponha fim à ocupação [israelita em Gaza] e promova segurança e estabilidade para todos", de forma a alcançar "uma paz justa e duradoura baseada nas leis internacionais e na Iniciativa de Paz Árabe", segundo a agência de notícias palestiniana WAFA. "Convosco, podemos alcançar o que parecia impossível: uma Palestina reconhecida, livre, soberana e segura e Israel como um país reconhecido e seguro, assim como uma região em que se poderá viver em paz, prosperidade e integração", disse Abbas.
O líder palestiniano acrescentou estar “cheio de esperança e confiança” na capacidade de Trump “em criar uma nova história na região, restaurando uma paz perdida durante gerações”.
“É vergonhoso, desprezível e irresponsável que o secretário-geral da NATO felicite um ato de agressão criminosa ‘verdadeiramente extraordinário’ contra um Estado soberano”, considerou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baqaei, numa mensagem no X.
A posição de Teerão surge em reação a declarações feitas hoje de manhã por Mark Rutte, que voltou a elogiar a intervenção dos Estados Unidos contra o Irão.
À chegada à sede da cimeira da Aliança Atlântica, em Haia, Rutte afirmou: “As 14 enormes bombas lançadas sobre as instalações nucleares do Irão, creio que foram cruciais para fazer realmente tudo o que era possível para acabar com a capacidade nuclear dos iranianos, que a NATO sempre disse que o Irão não deve ter nas suas mãos”.
Sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Rutte disse: “Só quero reconhecer a sua ação decisiva sobre o Irão. É um homem forte, mas também um homem de paz”, elogiando o líder norte-americano por ter conseguido um cessar-fogo entre Israel e o Irão.
Questionado por jornalistas sobre se reconsiderava os elogios que teceu a Trump por essa ação militar, Rutte rejeitou: “De forma alguma”, disse.
O Papa pediu esta quarta-feira que se rejeite “a lógica da arrogância e da vingança" após os ataques entre Israel e Irão, defendendo o caminho do diálogo e da diplomacia.
Perante milhares de fiéis que acompanharam a audiência semanal, na Praça de S. Pedro, no Vaticano, o pontífice norte-americano explicou que acompanha “com atenção e esperança” os acontecimentos em Israel, no Irão e na Palestina, e afirmou que as palavras do profeta Isaías ressoam com urgência: “Nenhuma nação levantará a espada contra outra nação, nem se preparará mais para a guerra”.
Leão XIV exortou ainda a população a “curar as feridas das ações sangrentas dos últimos dias, a rejeitar qualquer lógica de arrogância e vingança e a escolher com determinação o caminho do diálogo, da diplomacia e da paz”.
O regresso às instalações nucleares do Irão, bombardeadas por Israel e pelos Estados Unidos nas últimas duas semanas, é a "prioridade número um" da agência nuclear da ONU, declarou hoje o seu diretor-geral, Rafael Grossi.
"Precisamos de regressar [às instalações iranianas] e envolver-nos. Ontem, escrevi uma carta [ao ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi] a dizer: ‘vamos reunir-nos para discutir as modalidades’" das visitas técnicas, explicou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), em declarações à imprensa em Viena.
O paradeiro de 408 quilos de urânio altamente enriquecido (60%), que está muito próximo do nível de pureza necessário para construir várias bombas nucleares, é uma das grandes incógnitas após os bombardeamentos.
Israel classificou oficialmente o banco central do Irão como uma organização terrorista, anunciou hoje o ministro da Defesa israelita, Israel Katz.
Um dia após o cessar-fogo entre o Irão e Israel, o gabinete de Katz afirmou que o ministro tinha registado o banco central iraniano, juntamente com outros bancos do país, como organização terrorista.
Em comunicado, o gabinete do ministro da Defesa referiu ainda que esta medida sobre o banco central do Irão faz parte de uma campanha mais vasta de Israel contra o regime de Teerão.
Segundo o ministro, o Banco Central do Irão funciona como uma via que canaliza milhares de milhões de dólares para o terrorismo.
O presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, considerou hoje que o cessar-fogo entre Israel e o Irão vai continuar e rejeitou que Teerão consiga para já reconstruir o seu programa nuclear.
“A última coisa que [os iranianos] querem fazer agora é enriquecer [urânio], agora querem recuperar” dos bombardeamentos dos EUA e de Israel a instalações nucleares iranianas, disse Donald Trump, à entrada para a cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Haia, nos Países Baixos.
Donald Trump acrescentou que os Estados Unidos da América não vão permitir que Teerão volte a enriquecer urânio para utilizar no programa nuclear.
“Podem tentar fazê-lo no futuro, não sei, mas agora não vão fazê-lo […], sabem que vamos lá, acho que foi uma tremenda vitória para todos, até para o Irão”, comentou.
O parlamento iraniano votou esta quarta-feira a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica na sequência de 12 dias de guerra marcados por ataques israelitas e norte-americanos contra instalações nucleares do Irão.
O presidente do parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, disse que a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) recusou-se a condenar o ataque contra as instalações nucleares iranianas, comprometendo a credibilidade internacional do organismo das Nações Unidas.
"A Organização Iraniana de Energia Atómica vai suspender a cooperação com a AIEA enquanto a segurança das instalações nucleares não for garantida", acrescentou o presidente do Parlamento de Teerão.
O Exército israelita disse que ainda é cedo para avaliar os danos causados ao programa nuclear iraniano, um dia depois de um cessar-fogo que pôs fim a 12 dias de guerra entre Israel e o Irão.
O porta-voz Effie Defrin frisou, em conferência de imprensa, que ainda não pode ser efetuado um balanço final sobre os danos provocados pelos bombardeamentos dos últimos dias.
Mesmo assim, Drefrin avançou que os ataques contra as instalações iranianas vão afetar "durante vários anos" o programa nuclear do Irão.
O fim da "guerra de 12 dias" foi anunciado por Donald Trump, na sequência do ataque norte-americano contra três instalações nucleares iranianas. Israel e o Irão confirmaram, embora pouco depois Jerusalém e Teerão se tenham acusado mutuamente do lançamento de mísseis.
O ataque dos EUA contra Fordow, Isfahan e Natanz foi considerado um sucesso e uma vitória histórica por Trump e o primeiro-ministro israelita - "destruímos o projeto nuclear iraniano", afirmou Benjamin Netanyahu.
No entanto, o ataque norte-americano apenas atrasou o programa nuclear em "alguns meses", segundo um relatório dos serviços de informação norte-americanos divulgado pela CNN e o "New York Times" e negado pelas autoridades.
Recorde aqui o que de mais relevante aconteceu na véspera.
As autoridades do Irão executaram três homens que acusam de ter sido agentes da Mossad, os serviços secretos de Israel, noticiou o canal de língua inglesa Press TV.
A execução teve lugar na cidade de Urmia, no noroeste do Irão e, de acordo com a emissora, os homens "estavam a contrabandear material para assassinar pessoas no país".
Desde que Israel começou a atacar o Irão, na madrugada de 13 de junho, o Irão já executou várias pessoas que acusou serem agentes da Mossad, escreveu a agência de notícias Efe, além de fazer centenas de detenções.
Os meios de comunicação iranianos anunciaram um funeral nacional para os oficiais de alta patente e cientistas mortos durante a guerra de 12 dias desencadeada por Israel.
"Um funeral nacional (...) para os oficiais de alta patente e cientistas que morreram como mártires durante a agressão do regime sionista será realizado no sábado a partir das 8 horas" em Teerão (5.30 horas em Portugal continental), informou a agência de notícias Irna.
Além disso, uma cerimónia fúnebre realiza-se na quinta-feira, no centro do país, em homenagem a Hossein Salami, chefe da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, que foi morto no primeiro dia da guerra.
O presidente norte-americano acusou a CNN e o "New York Times" de tentarem desvirtuar o bombardeamento a instalações nucleares iranianas, ao divulgarem um relatório que afirma que o programa nuclear do país foi atrasado em apenas alguns meses.
Uma análise preliminar dos serviços secretos dos Estados Unidos, divulgada pelos dois meios de comunicação social, aponta que o programa nuclear iraniano apenas sofreu um atraso de alguns meses, após a ofensiva, no fim de semana, contra as instalações de Isfahan, Natanz e Fordow.
"Notícias falsas da CNN, juntamente com o falhado 'New York Times', uniram-se para tentar desvalorizar um dos ataques militares mais bem sucedidos da história - as instalações nucleares do Irão foram completamente destruídas", afirmou na terça-feira Donald Trump, numa mensagem publicada na rede social que detém, a Truth Social.