O ataque aéreo contra um hospital geridos pelos Médicos Sem Fronteiras na cidade de Kunduz, norte do Afeganistão, é "indesculpável" e "possivelmente criminoso", afirmou este sábado o Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein.
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Segundo um novo balanço divulgado pela organização não-governamental, o ataque, aparentemente lançado por forças dos Estados Unidos e que se prolongou por meia hora, fez 19 mortos, três deles crianças, e 37 feridos, segundo o último balanço.
"Este acontecimento é profundamente trágico, indesculpável e possivelmente criminoso", afirmou Al Hussein num comunicado divulgado em Genebra.
O Alto-Comissário da ONU pediu um inquérito aprofundado e transparente, destacando que "se for considerado pela justiça como deliberado, um ataque aéreo a um hospital pode constituir um crime de guerra".
Kunduz é palco de confrontos desde que, na segunda-feira, os talibãs tomaram a cidade, seguindo-se uma ofensiva das forças afegãs, apoiadas por tropas dos Estados Unidos.
Na terça-feira, os Médicos Sem Fronteiras (MFS) divulgaram um comunicado afirmando que o hospital estava "sobrecarregado" com a chegada constante de feridos, tendo tratado, só entre segunda e terça-feira, 171 pessoas, entre as quais 46 crianças, a maioria com ferimentos de bala.
"O hospital está inundado de pacientes", disse nessa altura Guilhem Molinie, representante da MSF no Afeganistão.
Hoje, depois do ataque, a MSF esclareceu que todas as partes envolvidas no conflito, inclusive Cabul e Washington, foram claramente informadas em várias ocasiões da localização exata (coordenadas GPS) de todas as instalações do hospital, a última das quais a 29 de setembro.