Um duplo atentado reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico fez na madrugada deste domingo pelo menos 131 mortos em Bagdade, no Iraque.
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Era já madrugada deste domingo no bairro xiita de Karrada onde os bagdadis acorrem à noite para quebrar o jejum e fazer compras durante o mês do Ramadão quando um carro-bomba explodiu junto de um restaurante da zona comercial. À mesma hora, uma mina rebentava no bairro xiita de al-Shaab, no norte de Bagdade. Conta-se pelo menos 119 mortos e cerca de 140 feridos, segundo a TV independente al-Sumaria. Os atos de terror, reivindicados pelo autoproclamado Estado Islâmico (EI, sunita), foram prontamente condenados internacionalmente, com os EUA a garantirem que só vieram dar força à determinação em confrontar os jiadistas.
"Mantemo-nos unidos com o povo e o Governo iraquiano nos esforços conjuntos para destruir o EI", fez saber a Casa branca, num comunicado logo reforçado pelo Departamento de Estado dos EUA: "Continuamos empenhados no apoio às forças de segurança iraquianas".
O atentado acontece uma semana depois de o Governo anunciar a tomada de Fallujah, um feudo do EI a escassos quilómetros da capital, vitória em que contou com a ajuda da coligação internacional liderada pelos norte-americanos e que levou várias semanas. A única grande cidade iraquiana ainda nas mãos dos jiadistas é Mossul, no norte do país, numa altura em que o EI sofre um sério revés no Iraque, depois de em 2014 ter conquistado importantes áreas do território.
O recuo, somado ao que parece estar a acontecer na Síria, é uma das razões avançadas por diversos analistas para justificar o surgimento de ações na Ásia, onde são operadas a custos mais baixos. Pode ter sido o caso do atentado da madrugada de sábado em Daca, no Bangladesh.
Os ataques a Bagdade já abeiram o milhar, mas nenhum foi tão devastador. O mais mortífero do ano ocorrera a 17 de maio, dia em que um duplo atentado fizera cerca de 50 mortos. Os alvos são geralmente mercados, áreas comerciais e mesquitas da comunidade xiita.
"O EI aposta muito no simbolismo e isto foi, em parte, uma paga por Fallujah. Querem que [o primeiro-ministro] Abadi saiba que ainda vivem entre os iraquianos e que, apesar das perdas, não foram para lado nenhum", disse fonte dos serviços de informações árabes, citado no jornal "The Guardian".
Perante o cenário carbonizado do local dos atentados, Haider al-Abadi prometeu punição para os responsáveis.