Um ataque suicida contra uma igreja em Damasco fez pelo menos 22 mortos, segundo as autoridades sírias que atribuíram o atentado a um membro do grupo "jiadista" Estado Islâmico.
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Trata-se do primeiro atentado deste tipo na capital da Síria desde que uma coligação liderada pelo grupo radical islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS) derrubou o regime do antigo presidente Bashar al-Assad, a 8 de dezembro. Desde então, a segurança continua a ser um dos maiores desafios para as novas autoridades sírias.
“Um bombista suicida afiliado ao grupo terrorista Daesh [acrónimo árabe do Estado Islâmico] entrou na igreja de Santo Elias, abriu fogo e fez-se explodir com um cinto de explosivos”, indicou o Ministério da Saúde sírio em comunicado, citado pela agência France-Presse (AFP).
Um homem no exterior da igreja disse à AFP que “alguém entrou com uma arma” e abriu fogo, acrescentando que as pessoas “tentaram impedi-lo antes de se fazer explodir”.
Um homem de 40 anos chamado Ziad, que estava numa loja em frente à igreja, disse ter ouvido tiros e depois uma explosão. “Vimos fogo na igreja e pedaços de bancos de madeira a serem atirados para a entrada”, acrescentou.
"Atos de cobardia"
Numa publicação na rede social Facebook, o patriarcado ortodoxo de Damasco reagiu aos acontecimentos, condenando o ataque e instando as novas autoridades sírias a "assumirem a total responsabilidade pelo que aconteceu e continua a acontecer em relação à inviolabilidade das igrejas e à proteção de todos os cidadãos" do país.
Também o enviado dos Estados Unidos (EUA) para a Síria condenou o ataque, garantindo que os norte-americanos continuarão a apoiar o governo sírio.
“Estes terríveis atos de cobardia não têm lugar na nova sociedade de tolerância e inclusão que os sírios estão a construir”, escreveu Tom Barrack, que é também embaixador dos EUA na Turquia, numa publicação na rede social X, acrescentando que Washington continua "a apoiar o governo sírio na sua luta contra aqueles que procuram criar instabilidade e medo no país e em toda a região”.
França também condenou o ataque, classificando-o como um "desprezível atentado terrorista" e reiterou "o seu empenhamento numa transição na Síria que permita aos homens e mulheres sírios, independentemente da sua fé, viver em paz e segurança numa Síria livre, unida, plural, próspera, estável e soberana", segundo um comunicado do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
O enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria manifestou-se igualmente "indignado" com o ataque, apelando a uma investigação exaustiva por parte das autoridades sírias.
Geir Pedersen “condena da forma mais veemente possível o ataque terrorista contra a Igreja de Santo Elias” e “expressa a sua indignação perante este crime hediondo”, segundo um comunicado, citado pelas agências internacionais.