Três pessoas morreram e cinco ficaram feridas, esta segunda-feira de manhã, numa estação de elétrico na cidade de Utreque, Holanda, atingidas a tiro por um homem cujas motivações não estão claras. O incidente foi tratado pelas autoridades como hipótese de "terrorismo", embora reconhecendo que poderia ter "motivações pessoais".
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Testemunhas citadas por meios de informação neerlandeses, como a televisão pública NOS, indicaram que o agressor - detido horas depois - estava "fixado" numa mulher que viajava naquele elétrico, tendo-a alvejado e disparado contra os passageiros que tentaram socorrê-la, porventura devido a um conflito pessoal.
Cadastro e alcoolismo
Identificado como Gökman Tanis, de 37 anos, natural da Turquia, tinha respondido em tribunal há duas semanas, acusado de violação, e possui um cadastro criminal desde 2012, com registo de roubos, ameaças a uma mulher, tentativa de homicídio e insultos e ameaças a elementos da polícia que o intercetaram quando conduzia sob efeito do álcool. Divorciado há dois anos, teria problemas de alcoolismo, segundo o pai, ouvido na Turquia por media locais.
O incidente ocorreu às 10.45 horas (menos uma hora em Portugal continental), quando, na estação da Praça 24 de Outubro, Gökman sacou de uma pistola e efetuou disparos sobre outros passageiros - que algumas testemunhas citadas em meios de informação dizem terem sido indiscriminados, ao passo que outras sustentam terem como alvo preciso uma mulher, que teria morrido. Uma testemunha descreveu-o à NOS como um "ato de vingança".
O ato gerou pânico e terror, sendo tratado de imediato como acontecimento "potencialmente terrorista", com o nível de ameaça a ser içado para o máximo (cinco), a Polícia a caracterizar a perseguição ao agressor em fuga como uma "operação complexa" e o primeiro-ministro, Mark Rutte, a falar de imediato em possibilidade de "ataque terrorista".
A zona da estação foi imediatamente isolada, tendo sido mobilizados dezenas de veículos e helicópteros de socorro e da polícia, incluindo destacamentos de forças especiais, as pessoas foram aconselhadas a manter-se em casa, escolas e a universidade fecharam as portas com os alunos e docentes dentro, aeroporto e locais e edifícios vitais receberam dispositivos especiais de segurança.
Em pouco tempo, a própria família real holandesa emitiu um comunicado apelando "à unidade da nação" e dirigentes internacionais, como o presidente da Comissão Europeia e o presidente da República Portuguesa, condenaram o ato, que Marcelo Rebelo de Sousa reputou, numa nota ao rei da Holanda, como um "ignóbil atentado".
Sem excluir motivos
Um porta-voz da Polícia, Bernard Jens, dizendo que um ataque terrorista era "uma possibilidade", notou também que poderia tratar-se de um crime motivado por "relações pessoais", tese veiculada entretanto pelas agências noticiosas turcas, citando fontes policiais.
Quando, ao fim da tarde, Gökman foi capturado no centro histórico de Utreque, terceira cidade da Holanda (340 mil habitantes), as autoridades, que voltaram a colocar a ameaça de terrorismo no nível quatro e levantaram o aviso para que a população permanecesse em casa, mantinham a hipótese de terrorismo. "Mas não podemos excluir outros motivos", anotou o procurador Rutger Jeuken.