O ativista pró-democracia de Hong Kong Tony Chung anunciou no domingo que recebeu asilo no Reino Unido quase dois anos após fugir da região chinesa, depois de ser condenado à prisão pela lei de segurança nacional.
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"Reconhecemos que tem um medo fundado de perseguição e, por isso, não pode regressar ao seu país", explicou o Ministério do Interior do Reino Unido, numa carta publicada por Tony Chung, na sua conta na rede social Instagram.
O ativista de 24 anos foi uma das pessoas mais jovens a ser condenada à prisão sob a lei de segurança nacional de Hong Kong, imposta pela China em 2020 e que prevê penas que vão até à prisão perpétua na antiga colónia britânica.
Tony Chung publicou uma fotografia de uma carta do Ministério do Interior do Reino Unido, que indicava que o jovem recebeu o estatuto de refugiado e cinco anos de residência no Reino Unido.
Tony Chung disse na publicação que a sua reação inicial foi "de pura alegria". "Depois de esperar mais de um ano e meio, posso finalmente tentar começar uma nova vida", acrescentou.
Tony Chung revelou ainda que teve depressão e outras doenças mentais desde da sua condenação de três anos de prisão, em 2020, e que estava em tratamento e espera obter o estatuto de residente permanente.
Aos 20 anos, o ativista foi condenado por secessão.
Tony Chung está entre as dezenas de ativistas pró-democracia alvos de mandados de prisão e recompensas de um milhão de dólares (cerca de 850 milhões de euros) pelas autoridades de Hong Kong.
Num comunicado divulgado hoje, o Executivo de Hong Kong "exige veementemente que os governos estrangeiros parem imediatamente de interferir" naqueles "que são puramente assuntos internos da China".
"Qualquer detenção e processo judicial baseiam-se em factos e provas (...) independentes da posição política, do historial, dos pensamentos ou das palavras dos indivíduos envolvidos", continuou.
Poucos dias antes do Natal de 2023, Tony Chung voou para Okinawa, no Japão, com uma mochila e 40.000 dólares de Hong Kong (4.640 euros) no bolso, afirmando estar de férias curtas e prometendo às autoridades que regressaria a Hong Kong, mas comprou um bilhete só de ida para Londres, no Reino Unido.
Tony Chung, ainda estudante do ensino secundário, fundou a organização Student Localism em 2016, que defendia a independência de Hong Kong e foi dissolvida.
Libertado sob condições rigorosas depois de cumprir parte da pena, o ativista contou à agência de notícias France-Press que vivia com medo e foi pressionado pela polícia durante seis meses para se tornar informador, colocando a sua "segurança pessoal" e "a sua vida em perigo".