Estão disponíveis na Internet, de forma gratuita, manuais escritos e guias em vídeo sobre extorsão sexual por motivação financeira, revela uma investigação do jornal britânico "The Guardian". Em troca de um pagamento adicional, há quem ofereça aulas especializadas e personalizadas sobre como cometer o crime.
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Nos casos de extorsão sexual, conhecida como "sextortion", adolescentes são induzidos a enviar fotografias íntimas a burlões, que depois exigem dinheiro e ameaçam partilhar o material com outras pessoas.
Segundo o "The Guardian", existem na Internet manuais para cometer este crime, que podem ser encontrados em plataformas como o TikTok, o YouTube e o Telegram. “Aqueles que vimos no YouTube fornecem um tutorial passo a passo sobre como cometer estes crimes de chantagem do início ao fim, incluindo a criação de contas online falsas, a obtenção de um número de mensagens de texto, dicas sobre como atingir as vítimas e como perceber o lucro do crime. Há conselhos aos criminosos para atacarem as escolas secundárias e instruções sobre como ameaçar as vítimas e a linguagem a utilizar”, explicou Adam Priestley, gestor sénior da Agência Nacional de Crime (NCA), ao mesmo jornal.
Existem também manuais escritos gratuitos. É o caso de um guia descoberto por uma empresa de cibersegurança e disponibilizado no Telegram em fevereiro. Com mais de 80 páginas, o manual foi escrito por alguém que afirma ter cometido este crime durante sete anos e ter explorado cinco mil “alvos bem sucedidos”. O mesmo manual alega que os três principais países onde se cometem extorsões online bem-sucedidas são o Reino Unido, os EUA e o Canadá e aconselha o leitor a concentrar-se nos adolescentes e jovens adultos. Por um valor, o guia oferece acesso a guiões de extorsão específicos utilizados pelo autor por 50 dólares (44 euros) e três meses de orientação individual por 250 dólares (224 euros).
"Explicitamente proibida"
Contactado pelo "The Guardian", um porta-voz do Telegram disse que a "sextortion" é "explicitamente proibida" na plataforma. "Os moderadores monitorizam proativamente as partes públicas da plataforma e aceitam relatos de utilizadores para remover conteúdo que viole os termos de serviço do Telegram", garantiu.
Na mesma linha, um porta-voz do TikTok disse que detetou e removeu conteúdo desta natureza, incluindo através de investigações das equipas de moderação. Já o Youtube assegurou que tem "políticas rigorosas em vigor para proteger os utilizadores de fraudes e outros comportamentos prejudiciais". "O conteúdo que forneça instruções para atividades como phishing e cryptophishing não é permitido no YouTube e será removido", declarou um porta-voz.