A Áustria começou esta sexta-feira a aplicar uma quota diária de entrada de refugiados no país, apesar das críticas da União Europeia, preocupada com um progressivo encerramento de fronteiras na rota dos Balcãs, da Grécia ao norte da Europa.
Corpo do artigo
A partir das 8 horas (7 horas em Lisboa), a Áustria só recebe 80 requerentes de asilo por dia, mas recebeu 250 pedidos diários, em média, desde o início do ano, ou seja, 11 mil pessoas que podiam ficar no país.
No posto fronteiriço de Spielfeld, porta de entrada na Áustria pela Eslovénia, 3.200 requerentes de asilo em outros países serão também autorizados a transitar diariamente para o destino final, de um modo geral a Alemanha, que recebeu mais de um milhão de migrantes no ano passado.
O governo austríaco justificou estas quotas pela incapacidade da UE em conter permanentemente o fluxo de pessoas a partir da Turquia e também de chegar a acordo sobre um mecanismo permanente de repartição, proposto pela Alemanha.
O previsível efeito dominó e a suspensão da livre circulação no espaço Schengen - situação que a UE pretendia evitar - levaram a Comissão Europeia a considerar esta medida "claramente incompatível" com o direito europeu.
Este agravamento da política migratória austríaca ocorre ao mesmo tempo que o fluxo de chegada tem diminuído nos últimos dias.
"Não se registou qualquer chegada desde ontem (quinta-feira) às 14:00 (13:00 em Lisboa) devido ao mau tempo", disse o porta-voz da polícia local, Fritz Grundnig.
No início da rota para a Europa, nas ilhas gregas, o número de chegadas baixou no princípio da semana.
Mas a tendência geral continua a preocupar os países europeus: "Continuamos num ritmo de entre dez e 15 mil chegadas por semana. Estamos longe de uma contenção", indicou recentemente um diplomata europeu à agência noticiosa France Presse.
Mais de 84 mil pessoas chegaram, por mar, a solo europeu desde 01 de janeiro, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Se a afluência aumentar novamente na fronteira austríaca, além das quotas estabelecidas, a resposta será simples: "A fronteira será fechada", advertiu Grundnig.
A Áustria, que vai reforçar o controlo em 12 postos fronteiriços com a Eslovénia e a Itália, considera que não poderá receber mais de 37.500 novos requerentes de asilo este ano, depois de ter registado 90 mil pedidos em 2015, o que representa mais de 1% da população deste pequeno país de 8,5 milhões de habitantes.