Não se sabe quem é, nem sequer se é homem ou mulher, mas falou pela primeira vez e explicou porque divulgou os milhões de documentos da Mossack Fonseca.
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Foi ele ou ela que revelou os "Documentos do Panamá" e decidiu falar, esta sexta-feira, pela primeira vez porque decidiu entregar os documentos ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.
A fonte negou ser um espião. "Para que fique registado, não trabalho para qualquer Estado ou agência de informação, nem diretamente nem coom consultor, e nunca trabalhei. O meu ponto de vista é a penas o meu", garantiu, citado pelo "The Guardian", um dos jornais associados à investigação.
A divulgação de 11,5 milhões de documentos da Mossack Fonseca, a firma do Panamá cuja atividade é baseada na criação de empresas offshore para clientes de todo o mundo, provocou um "debate global", diz a fonte. "As offshore são muitas vezes associadas à evasão fiscal. Mas os Documentos do Panamá mostram sem dúvida que, apesar de não serem ilegais, as offshore são usadas para cometer crimes sérios", escreveu. "As desigualdades do rendimento são uma das grandes questões do nosso tempo".
A fonte que divulgou os "Documentos do Panamá" entrou em contacto, em 2015, com o jornalista Bastian Obermayer, do jornal alemão "Süddeutsche Zeitung". Usou o nome de "John Doe [nome em inglês usado para pessoas que não se conhece o nome] e perguntou: "Está interessado em dados secretos?". Foi o início da investigação que juntou depois dezenas de jornalistas do consórcio internacional e foi revelada ao mundo em abril deste ano.
Decidido a ajudar a acabar com a concentração de riqueza em poucas mãos e a circulação escondida de dinheiro, mostrou-se disponível para dar assistência aos Estados que querem agir contra os suspeitos de crimes relacionados com as offshore.
Disse ainda que decidiu divulgar a documentação depois de perceber a gravidade das "injustiças" patentes nos documentos. Curiosamente, nota o "The Guardian", a fonte diz que tinha oferecido os documentos a diversos "grandes órgãos de comunicação", que terão recusado usá-los, depois de os analisar.. Não se sabe quais são as organizações a que se refere. Revelou também que nem sequer a Wikileaks, responsável por outras grandes fugas de informação, respondeu a várias tentativas de contacto.