O atacante de Viena, que matou quatro pessoas e feriu outras 23 no atentado terrorista desta segunda-feira à noite, "enganou" os seus tutores num programa de desradicalização, ao fingir ter renunciado ao jiadismo, segundo as autoridades austríacas.
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Kujtim Fejzulai, de 20 anos, já tinha sido condenado a 22 meses de prisão por terrorismo, em abril do ano passado, por ter tentado viajar para a Síria para ingressar no Estado Islâmico, mas foi libertado da cadeia em dezembro passado após cumprir parte da pena. Beneficiou da lei de proteção de jovens por ter entre 18 e 20 anos, apresentar bom comportamento e estar integrado num programa de desradicalização. Passou ainda a ser monitorizado pelos serviços de liberdade condicional.
Segundo o ministro austríaco do Interior, Karl Nehammer, citado pelo jornal "The Guardian", o jovem suspeito tinha conseguido enganar os seus tutores de tal forma que não houve nenhum sinal de alerta de radicalização. "Estamos a ver uma linha de falha no nosso sistema. Houve a libertação prematura de uma pessoa radicalizada", admitiu o governante.
O jovem terá passado deliberadamente a imagem de que estava ansioso para se reintegrar na sociedade austríaca, durante as sessões do programa de desradicalização, segundo Karl Nehammer. "O facto é: o terrorista conseguiu enganar o programa de desradicalização do Ministério da Justiça. Precisamos de avaliar e otimizar o sistema do lado da justiça".
O diretor do programa de desradicalização Derad, Moussa Al-Hassan Diaw, negou ao "The Guardian" que este programa tivesse declarado que Kujtim Fejzulai não era uma ameaça e garantido a sua libertação. Segundo Al-Hassan Diaw, a organização apenas fornece relatórios baseados nas reuniões bimestrais com indivíduos suspeitos. "Até que um programa de desradicalização seja interrompido completamente, há sempre um elemento de risco", acrescentou.
O atacante, que tinha dupla nacionalidade austríaca e macedónia, foi abatido pela polícia nove minutos após ter aberto fogo no centro da capital austríaca, um dia antes do país entrar num novo confinamento para travar a pandemia.
O atentado de Viena foi reivindicado, esta terça-feira, pelos jiadistas do Estado Islâmico.