As autoridades de saúde brasileiras receberam para análise, na sexta-feira, os resultados da CoronaVac, uma possível vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e da qual o Brasil já comprou 46 milhões de doses.
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador e de controlo sanitário do Brasil, anunciou que recebeu para análise o primeiro pacote de dados referente à vacina, que também está a ser desenvolvida pelo Instituto Butantan, organização científica de referência ligada ao estado de São Paulo.
"A revisão desses dados é possível devido à implementação do procedimento de submissão contínua, que permite verificar os documentos à medida que se tornam disponíveis. Isso não significa, porém, um pedido oficial de registo da vacina", salientou a Anvisa em comunicado.
O Brasil ultrapassou, na sexta-feira, os 145 mil mortos (145.388) por covid-19, depois de contabilizar 708 óbitos nas últimas 24 horas. Totaliza 4.880.523 infetados, com 33.431 novas infeções
A CoronaVac junta-se assim à vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em colaboração com a Universidade de Oxford, que já se encontra em análise na Anvisa desde quinta-feira.
"Agora, a Agência já dispõe dos primeiros dados de duas vacinas. Importante ressaltar que não existe, no momento, nenhuma conclusão sobre a qualidade, segurança e eficácia de nenhuma das duas vacinas, que continuam a cumprir a terceira etapa de testes. A submissão contínua é um procedimento diferenciado para tornar mais rápida a análise de dados referentes às vacinas contra a covid-19 a serem registadas no país", acrescentou o órgão regulador.
Na quarta-feira, o governador de São Paulo, o estado brasileiro mais afetado pela covid-19, assinou um contrato para receber 46 milhões de doses da vacina CoronaVac e que pretende aplicá-la à população a partir de 15 de dezembro.
O acordo para 46 milhões de vacinas contra o novo coronavírus, o equivalente a toda a população do estado, foi assinado pelo governador estadual, João Doria, pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e pelo vice-presidente mundial da Sinovac, Weining Meng.
No valor de 90 milhões de dólares (76,8 milhões de euros, câmbio atual), o contrato também formaliza a transferência de tecnologia para produção da vacina pelo Instituto Butantan.
João Doria espera que, uma vez aprovada pelas autoridades sanitárias brasileiras, a campanha de vacinação comece em 15 de dezembro, com os profissionais de saúde de São Paulo a serem os primeiros a serem imunizados.
Segundo o executivo de São Paulo, a segurança do imunizante já foi comprovada numa investigação com mais de 50 mil voluntários na China.
A vacina também já está a ser testada no Brasil desde julho e, atualmente, os estudos clínicos da última fase são acompanhados por 12 centros de investigação científica em cinco estados brasileiros e no Distrito Federal.
O diretor do Instituto Butatan informou que já receberam a vacina sete mil dos 13 mil voluntários programados para esta terceira e última fase dos testes, que se prolongará no Brasil até 15 de outubro.