As autoridades ucranianas prenderam esta quarta-feira um homem acusado de ajudar a Rússia a dirigir um ataque com mísseis que matou pelo menos dez pessoas, incluindo três adolescentes, numa popular pizzaria no leste da Ucrânia.
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O ataque de terça-feira à noite em Kramatorsk, província de Donetsk, feriu outras 61 pessoas, disse a Polícia Nacional da Ucrânia, no mais recente bombardeamento de um alvo civil numa cidade ucraniana, uma tática que a Rússia vem usando pesadamente nesta guerra, que já perdura há 16 meses.
O ataque, e outros em toda a Ucrânia na noite de terça e início de quarta-feira, indicaram que o Kremlin não está a diminuir os seus ataques aéreos, apesar de instabilidade política e militar interna causada por um levantamento armado de curta duração no fim de semana passado, liderado pelo grupo mercenário Wagner.
Em reação à acusação da responsabilidade pelo ataque ao restaurante Ria Pizza, em Kramatorsk, o Kremlin afirmou hoje que apenas ataca alvos militares na Ucrânia.
"A Rússia não está a atacar infraestruturas civis, está a atacar instalações que estão ligadas, de uma forma ou de outra, a infraestruturas militares", disse aos jornalistas o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.
O ataque destruiu o restaurante Ria Pizza, um local popular no centro da cidade, frequentado por jornalistas, trabalhadores humanitários e soldados. Os meios de comunicação ucranianos noticiaram a presença de instrutores militares estrangeiros na cidade.
O ataque a Kramatorsk foi feito com dois mísseis terra-ar S-300, segundo Kiev, disparados pelas forças russas.
Segundo as autoridades ucranianas, entre os mortos conta-se uma rapariga de 17 anos e duas de 14. Um bebé de oito meses ficou ferido mas não corre risco de vida.
O Serviço de Situações de Emergência ucraniano disse que as operações de resgate continuam e que sete pessoas tinham sido retiradas dos escombros com vida.
Segundo Kiev, entre os feridos encontra-se também a escritora ucraniana Victoria Amelina, que sofreu uma grave fratura no crânio.
Amelina estava no restaurante no momento do ataque, na companhia do escritor colombiano Héctor Abad e do antigo Alto-Comissário para a Paz da Presidência da Colômbia, Sergio Jaramillo.
Abad e Jaramillo sobreviveram ao ataque com ferimentos ligeiros, tal como a jornalista colombiana Catalina Gómez, que se encontrava igualmente no restaurante.
Segundo Kiev, este ataque russo contra Kramatorsk foi um dos mais graves das últimas semanas e já condenado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Além do restaurante, foram danificados apartamentos, lojas, automóveis, uma estação de correios e vários outros edifícios, segundo o Ministério Público ucraniano.
Kramatorsk é um importante centro ferroviário e sede de instalações militares, sendo regularmente alvo de bombardeamentos russos.
O mais mortífero foi o bombardeamento da estação ferroviária, em abril de 2022, que matou 61 pessoas e feriu mais de 160, algumas semanas após o início da invasão russa e no momento em que uma multidão de civis tentava abandonar a cidade.