As autoridades religiosas sírias proibiram, esta sexta-feira, os crimes de honra e todas as outras formas de execuções extrajudiciais, decisão saudada por Washington como mais um passo para a normalização democrática e o Estado de direito no país.
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A ordem foi emitida pelo Conselho Supremo dos Éditos Religiosos (ou "fatwas") e declara inadmissível a “agressão retaliatória por crimes de sangue, contra a propriedade ou contra a honra”, estipulando que só o poder judicial ou as autoridades competentes podem tratar essas questões, pelo que não haverá lugar para a “vingança individual”.
“Os oprimidos têm o direito de reivindicar os seus direitos por meios legítimos. No entanto, a obrigação de os obter deve caber exclusivamente ao poder judicial, e não mediante ações individuais ou rumores, a fim de preservar a inviolabilidade do sangue e da honra e evitar o caos”, lê-se no decreto, citado pela agência noticiosa oficial síria SANA.
O conselho apela também à “aceleração” dos “processos contra os juízes corruptos que serviram de instrumento do anterior regime para oprimir o povo”, uma referência ao anterior mecanismo judicial que atuou inteiramente ao serviço do antigo presidente deposto do país, Bashar al-Assad, em finais do ano passado.
Assad fugiu da Síria após uma ofensiva relâmpago liderada pelo agora dissolvido grupo "jihadista" Hayat Tahrir al-Sham (HTS), cujo responsável máximo, Ahmad al-Sharaa, é agora o presidente interino do país, sob a promessa de integração, paz e justiça democrática.
Uma das primeiras reações internacionais à proibição hoje anunciada foi a do enviado especial dos Estados Unidos para a Síria, Tom Barrack, que saudou a iniciativa.
“Estes são os primeiros grandes passos de um novo Governo sírio em direção a uma nova Síria”, declarou na sua conta da rede social X Tom Barrack, também embaixador norte-americano na Turquia.