A queda de um avião a 25 de dezembro no Cazaquistão, que matou 38 pessoas, sofreu "interferências físicas e técnicas externas", declarou a Azerbaijan Airlines esta sexta-feira, com base nos resultados preliminares de uma investigação levada a cabo pela companhia aérea.
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O avião, um Embraer 190 de fabrico brasileiro, fazia a ligação entre Baku (Azerbaijã) e Grozny (Chechénia) e levaria a bordo 67 pessoas quando se despenhou num campo perto de Aktau, no Cazaquistão, a centenas de quilómetros da rota prevista. Vinte e nove pesoas sobreviveram.
Fontes governamentais do Azerbaijão já tinham defendido, sob condição de anonimato, que a queda do avião foi provocada por um míssil antiaéreo russo, tendo sido atingido por estilhaços de um míssil terra-ar quando se encontrava no espaço aéreo da cidade russa de Grozny, o seu destino.
Poucas horas depois do início do voo, o avião da Azerbaijan Airlines (AZAL) solicitou uma aterragem de emergência. Devido a nevoeiro intenso em Grozny, o avião foi desviado primeiro para Makhachkala, no Daguestão russo, e depois para Aktau, onde acabou por se despenhar a cerca de três quilómetros do aeroporto da cidade do Mar Cáspio. O aparelho acabou por embater no solo e incendiou-se.
A Agência Federal de Transportes Aéreos da Rússia afirmou que o avião "colidiu com aves", após o que o comandante decidiu aterrar em Aktau. A Ucrânia, no entanto, acusou a Rússia de ter abatido o avião da AZAL com um míssil de defesa aérea.
Hoje, as televisões norte-americanas ABC News e CNN avançaram também que os Estados Unidos acreditam haver indícios de que o avião possa ter sido atingido por um sistema antiaéreo russo.
O avião sobrevoava uma zona onde a defesa aérea do Kremlin (presidência russa) combateu recentemente drones ucranianos. "Os drones militares ucranianos estavam a levar a cabo ataques terroristas contra infra-estruturas civis” naquele momento, afirmou Dmitry Yadrov no Telegram, citado pelo The Guardian, acrescentando que o avião já tinha tentado aterrar duas vezes sem sucesso.
Voos suspensos para sete cidades russas
A companhia aérea anunciou hoje a suspensão dos seus voos para sete cidades russas, nomeadamente no Cáucaso. Esta decisão foi tomada "tendo em conta os resultados preliminares da investigação da queda do [avião] Embraer 190", que provocou 38 mortos, e "os riscos para a segurança de voo", explicou a Azerbaijan Airlines, em comunicado de imprensa.
Os voos estão suspensos para os aeroportos do Cáucaso Mineralnye Vody, Grozny, Sochi e Makhachkala e também para Volgogrado, Ufa e Samara, avançou a mesma fonte.
A companhia aérea continuará, no entanto, a operar os seus voos para Moscovo, São Petersburgo (noroeste), Ecaterimburgo (Urais), Astracã (sul), Kazan (Volga) e Novosibirsk (Sibéria), sublinha no comunicado de imprensa.