
O secretário-geral da ONU sustentou que o eventual incumprimento do regime de Damasco deve ter "consequências"
SHANNON STAPLETON/REUTERS
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, qualificou esta segunda-feira o ataque com armas químicas registado na Síria como "crime de guerra", sem, porém, atribuir responsabilidades concretas.
Perante o Conselho de Segurança, onde apresentou o relatório dos inspetores das Nações Unidas que se deslocaram à Síria, o secretário-geral da ONU qualificou como "crime de guerra" a confirmada utilização de armas químicas em pelo menos um ataque, que, a 21 de agosto, causou centenas de mortos.
Ban Ki-moon exigiu que os responsáveis - não identificados, nem por ele, nem no relatório - "prestem contas" pelo que fizeram e frisou que o Conselho de Segurança tem a "responsabilidade moral" de não deixar passar em branco esta violação dos direitos humanos.
"Os resultados [do inquérito] são indiscutíveis e esmagadores. Os factos falam por si", sublinhou Ban, recordando que esta é a maior utilização de armas químicas contra civis confirmada desde que o regime do falecido ditador iraquiano Saddam Hussain as usou, em 1988.
"Agora, a unidade do Conselho de Segurança será crucial. Dada a gravidade da situação, insto o Conselho a considerar vias que garantam o cumprimento do plano [de desarmamento da Síria], através de uma resolução clara", vincou.
Estados Unidos e Rússia acordaram a suspensão uma intervenção militar contra a Síria, que Moscovo recusava, dando um prazo ao regime de Bashar al-Assad para entregar o seu arsenal químico à comunidade internacional.
O secretário-geral da ONU sustentou que o eventual incumprimento do regime de Damasco deve ter "consequências".
Os inspetores das Nações Unidas concluíram que existem provas "claras e convincentes" do uso de armas químicas, que têm sido usadas "numa escala relativamente grande".
O relatório dos inspetores das Nações Unidas nada diz sobre os responsáveis pelo ataque, mas este não será um caso isolado, já que a comissão de inquérito da ONU sobre as violações de direitos humanos na Síria anunciou estar a investigar outros presumíveis 14 ataques químicos, registados desde setembro de 2011.
O conflito na Síria - em que a contestação popular ao regime degenerou em guerra civil - já causou mais de 110 mil mortos e perto de dois milhões de refugiados, de acordo com dados das Nações Unidas.
