O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, apelou, esta quarta-feira, ao fim do "ciclo insensato dos sofrimentos" na Faixa de Gaza, ao discursar na Assembleia-geral da ONU.
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"É necessário continuar a construir, a destruir e a reconstruir outra vez?", interrogou. "Vamos reconstruir [a Faixa de Gaza], mas tem de ser a última vez. É preciso que isto pare", insistiu.
"O ciclo insensato dos sofrimentos em Gaza e na Cisjordânia, bem como em Israel, deve parar", desafiou, durante o seu discurso na sessão informal da Assembleia-geral convocada pelos países árabes membros da ONU para analisar a situação na Faixa de Gaza.
Ban reafirmou que a trégua de 72 horas em curso deve conduzir a um "cessar-fogo durável" e a negociações para resolver as "causas subjacentes" ao conflito. A este propósito, mencionou "o levantamento do bloqueio (imposto por Israel) e a colocação de Gaza novamente sob um governo palestiniano unido que adira aos compromissos da OLP".
Mencionando a "catástrofe humanitária" que se vive na Faixa de Gaza, apelou aos países membros da ONU a "responder rápida e generosamente às necessidades urgentes" da população.
Vai ser preciso reconstruir, acrescentou, "uma tarefa enorme nas ruínas de Gaza, onde casas, escolas e hospitais foram destruídos", acentuando que "o cessar-fogo tem um preço que é quase insuportável".
Denunciou em particular os ataques contra três escolas da ONU, que acolhiam refugiados palestinianos, qualificando-os como "escandalosos, inaceitáveis e injustificados".
Ban Ki-moon afirmou ainda que "o pesadelo das últimas quatro semanas lembra que apenas uma solução política negociada pode trazer a paz e a segurança aos israelitas e palestinianos".
O chefe da ONU exortou ainda a partes a "ouvirem o apelo da comunidade internacional para a retomada das negociações, para acabar de forma definitiva com o conflito israelo-palestiniano através de uma solução viável de dois Estados".
Além de Ban, vários outros dirigentes da ONU falaram durante a Assembleia-geral, através de videoconferência, como a Alta-Comissária para os Direitos do Homem, Navi Pillay, o chefe da Agência da ONU para a Ajuda aos Refugiados Palestinianos, Pierre Krahenbuhl, e o coordenador da ONU para o processo de paz no Médio Oriente, Robert Serry.
Esta reunião não deve conduzir a uma decisão ou à votação de um texto.
Durante o debate, o representante palestiniano na ONU, Ryad Mansour, apelou ao Conselho de Segurança para que adote um projeto de resolução, apresentado pela Jordânia, que defende o levantamento do bloqueio israelita à Faixa de Gaza.
Repetiu também o pedido do Presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, à ONU para que coloque os palestinianos "sob proteção internacional".
O embaixador israelita, Ron Prosor, por sua vez, acusou a ONU de ser injusta para com Israel, "a única nação democrática no Médio Oriente", destacando que a entidade "só se mobiliza quando Israel toma medidas para defender os seus cidadãos".
Prosor afirmou também que "Israel está na primeira linha da guerra contra o extremismo radical", colocando no mesmo saco o Hamas, o Estado Islâmico e a Al-Qaeda, e que a única forma de haver uma paz durável em Israel e na Faixa de Gaza era "desarmar o Hamas e desmilitarizar Gaza".